Escrito en
POLÍTICA
el
A Caixa Econômica Federal (CEF), uma das maiores empresas do país e importante banco público que fomenta a produtividade e a economia brasileira, é um dos primeiros alvos do enxugamento do Estado promovido pelo governo de Jair Bolsonaro.
Desde 1º de janeiro, quando Bolsonaro assumiu a presidência e trocou a diretoria da Caixa, inúmeros ativos importantes do banco começaram a ser vendidos e diversos outros estão no alvo. O objetivo do atual presidente da instituição, Pedro Guimarães, é arrecadar pelo menos R$30 bilhões somente este ano com a venda de setores lucrativos do banco, como as áreas de seguro, gestão de ativos, loterias e cartões. A diretoria da empresa prepara, ainda, a venda de participação na Petrobras.
O dinheiro que a Caixa vai arrecadar com a venda de áreas importantes da empresa, no entanto, não compensará o prejuízo que o desmonte causará à questão social, que é uma das responsabilidades da estatal, e ao setor produtivo. É o que alerta Jair Pedro Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).
De acordo com Ferreira, a venda de participações trata-se de uma estratégia para tornar a empresa mais frágil e, assim, privatizá-la de vez.
"O que estamos vivendo na prática é consequência do processo de desmonte que já vem desde 2016 para cá, que é tirar o papel das empresas públicas da economia, das atividades comerciais. E agora, desde janeiro, há um objetivo muito claro que está sendo implementado que é passar ativos, bens das empresas públicas", explicou Ferreira em entrevista à Fórum.
Segundo o presidente da Fenae, a "perda de musculatura" da Caixa vai prejudicar as pessoas de baixa renda e, principalmente, o setor produtivo, como a construção civil, uma vez que o banco é um dos maiores financiadores e credores de obras das mais diferentes áreas no país, o que gera renda e emprego. Ele também chamou a atenção para o fato de que é a CEF que gestiona programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e também o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
"De uma forma muito sutil eles falam, por exemplo, que vão só vender algumas ações que a Caixa tem da Petrobras. Assim está se tirando todo o patrimônio que ajuda a alavancar a economia, isso enfraquece a empresa em sua capacidade. Quando se vende as loterias, quando vende parte dos seguros, estão tirando um benefício ou um potencial que há na empresa. Estão esquartejando. Sem essa força a Caixa não consegue atender a população, que é esse o objetivo. A Caixa é da população", apontou.
Na entrevista, Ferreira alertou ainda para o fato de que o gradual desmonte da Caixa vai fazer com que boa parte da população que não tem conta em banco fique desamparada. Ele explicou que bancos privados sempre operam na lógica do lucro e só têm como clientes aqueles que geram rentabilidade. Sem a CEF, que atende a toda a população e que tem por obrigação atuar na questão social, não haverá outra instituição que atenda as pessoas que precisam.
"O que estão fazendo com a Caixa é criminoso. Quem vai atender essa população? O banco privado? Vai se tiver rentabilidade. Se não tiver, não vão."
O presidente da Fenae falou ainda sobre o fim da contribuição sindical, reforma da Previdência e a luta que os trabalhadores da Caixa devem encampar contra o desmonte promovido pelo atual governo.
Assista.
https://youtu.be/b8nnwkV3nBc