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Em entrevista ao programa Conversa com Bial, transmitido na noite desta quinta-feira (11), o ex-deputado Jean Wyllys disse que Jair Bolsonaro cresceu politicamente a partir do enfrentamento feito contra ele no Congresso Nacional.
"Eu sabia (que Bolsonaro seria eleito) porque eu fui o laboratório para tudo que Jair Bolsonaro fez depois. Eu fui a cobaia e a escada que ele utilizou. Até eu chegar no parlamento, ele era um político paroquial, conhecido no Rio de Janeiro, desqualificado, do baixo clero", disse.
Jean disse que o levante do ódio pelo conservadorismo que elegeu Bolsonaro foi notado pelas minorias. "Nós, que somos as minorias, que percebíamos o que estava se passando. Que aquilo que era dito nas manifestações sobre Paulo Freire, os gays, os negros, as mulheres, aquilo que ia interpelar os preconceitos de outras pessoas e ia ter hegemonia. E foi o que aconteceu", disse.
Anos de assédio moral
Jean Wyllys também afirmou que a cusparada em Bolsonaro, durante a votação na Câmara que deu início ao golpe contra Dilma Rousseff, foi a reação aos "anos de assédio moral" que sofreu.
"Eu não me arrependo de nada, eu tenho orgulho. Naquele momento, naquela hora, foi a reação que eu tive. Era um acúmulo de tudo... de anos de assédio moral, de violência contra mim, de xingamentos sem que as pessoas reagissem, de uma naturalização daquela violência que ele praticava, de ele tratar minha homossexualidade como um meio de me difamar".
Após deixar o Brasil - e a política por ameaças de morte -, o ex-deputado diz que o assédio capitaneado por Bolsonaro contra ele chegou às ruas e, emocionado, embrou que começou a sofrer ofensas e agressões morais na rua. Em um momento, o ex-deputado foi xingado por uma senhora no aeroporto depois de sorrir para ela.
“Eu fiquei chocado, ela disse alto na frente de todo mundo, aí eu vi o que eu poderia sofrer. Durante a campanha, eu não pude estar na rua, porque bastava estar na rua que alguém me ameaçava”.
Outro episódio que mexeu bastante com o escritor foi quando a desembargadora Marília de Castro Neves sugeriu que ele fosse executado.
“Havia uma perspectiva da minha morte que se naturalizou. Se naturalizou ao ponto de uma desembargadora, a Marília de Castro Neves, dizer em um grupo de magistrados que era a favor da minha execução. Como se eu fosse uma doença que tivesse que ser erradicada antes que contaminasse outras pessoas”.