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Por Nilto Tatto*
O Vale do Anhangabaú amanheceu nesta terça-feira (26/03) com uma fila quilométrica de desempregados, reflexo da situação política e econômica do nosso país.
Para quem conhece o centro de São Paulo, é impossível não lembrar que em 2002, quando Lula assumiu seu primeiro mandato, a situação era muito parecida – ao final do governo FHC a taxa de desemprego chegou a superar 12% da população economicamente ativa, combinada com uma inflação de 9% ao ano; uma dívida externa de 557% em relação às reservas e um PIB per capita de R$ 7,6 mil. Filas de desempregados como a que se formou hoje eram bastante comuns nas ruas próximas à Praça da Sé e adjacências.
Ao final do primeiro mandato da presidenta Dilma, a taxa de desemprego girava em torno de 6%; a dívida externa despencou de 557 para 81% em relação às reservas e o PIB per capita praticamente triplicou, passando de R$ 7,6 para R$ 24,1 mil. Quando deixou o governo a situação estava um pouco pior, mas nem perto do quadro de hoje. Embora muito se falasse da “herança maldita” do PSDB, isso nunca justificou a falta de investimentos, mas ao contrário, estimulou a elaboração de projetos como o Minha Casa Minha Vida; Bolsa Família; Luz Para Todos; Mais Médicos; Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); PROUNI; FIES o Fome Zero e a transposição do São Francisco.
As estratégias adotadas pelos governos do PT para superar as crises (cada vez mais frequentes e agudas no modelo de produção capitalista), sempre foram a geração de emprego e a distribuição de renda. O salário mínimo, por exemplo, era de R$ 200,00 no final do governo FHC e chegou a R$ 724 no início de 2014; a produção de veículos passou de 1,8 milhão para 3,7 milhões ao ano e a safra agrícola de 97 milhões de toneladas para 188 milhões de toneladas.
Com isso, os governos Lula e Dilma geraram em média 1,79 milhões de empregos ao ano, o que levou a economia do país da 13ª para a 7ª posição no mundo, sem precisar recorrer a privatizações ou retirada de direitos dos trabalhadores. Em contraposição, nestes três meses de governo Bolsonaro, não há uma proposta concreta de superar qualquer um dos inúmeros desafios do Brasil contemporâneo. A única coisa que ficou clara é a disposição do presidente - e de sua equipe - em atacar seus adversários; criar intrigas; anunciar medidas medíocres e responsabilizar seus antecessores pelos problemas que ele não é capaz de resolver.
O tiro certamente irá sair pela culatra, uma vez que a população já percebeu que Jair escolheu defender os interesses do grande capital; dos ruralistas; de banqueiros e especuladores. Abandonou, por exemplo, os trabalhadores da Ford e seus familiares à própria sorte, não movendo uma palha sequer para evitar o flagelo do desemprego. Porém, o golpe fatal ainda está por vir, já que a destruição da Previdência Social, se aprovada, deixará milhões de brasileiros sem nenhum amparo, beneficiando apenas grandes instituições financeiras.
*Nilto Tatto é deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores
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