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Diante da primeira grande crise a atingir o coração do governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) repetiu o erro que já apontara em seus antecessores ao prometer cargos públicos em estatais para acomodar aliados e evitar desgaste político. A segunda-feira foi sacramentada pelo fim da agonia e demissão de Gustavo Bebianno, ministro-chefe da Secretaria de Governo. O general Floriano Peixoto foi escolhido como substituto.
Alvo de denúncias que o apontam como responsável por um esquema de candidatos laranjas na campanha eleitoral do PSL, Bebianno foi fritado pelo vereador Carlos Bolsonaro, após o filho do presidente dizer nas redes sociais que Bebianno mentiu ao falar que havia conversado três vezes com o Bolsonaro na última terça-feira. De lá pra cá as coisas saíram do controle e militares foram obrigados a entrar em campo para mediar as negociações.
O Globo informou que inicialmente Bolsonaro prometeu a Bebianno uma diretoria em Itaipu. Em entrevista no sábado, Bebianno confirmou que recebeu a proposta para Itaipu. Afirmou que não aceitou porque não apoiou Bolsonaro "para ganhar dinheiro" e "nem precisa de emprego".
Nesta segunda-feira (19), horas antes de Bebianno ser exonerado, teve notícia na imprensa que, em uma última tentativa de manter o ministro no cargo, Bolsonaro teria oferecido a ele o comando da embaixada de Roma, na Itália.
Segundo comensais do Planalto a proposta foi levada a Bebianno no sábado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), após um encontro que teve com o presidente no Palácio da Alvorada. O convite também foi recusado pelo ministro.
Durante a campanha Bolsonaro apresentou-se como um outsider e que faria uma política diferente, longe de indicações políticas para acomodar aliados. Mas se Bebianno, chamado de mentiroso pelo próprio presidente, não serve como ministro, por que diabos ele servirá ao governo em uma diretoria em Itaipu ou em uma embaixada em Roma?
Em Brasília, líderes da oposição confessaram ao blog que o cargo indicado a Bebianno seria uma forma de silenciá-lo, para que o ministro não conte o que viu, ouviu e testemunhou nos bastidores da campanha presidencial.
O desfecho da crise mostrou um Bolsonaro indeciso, sem comando, tomando decisões sem pensar e depois voltando atrás enquanto seus auxiliares o socorriam para não deixá-lo ao relento.