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O ex-deputado federal do PSOL, Jean Wyllys, concedeu entrevista coletiva em Berlim, na Alemanha, nesta segunda-feira (18). Na oportunidade, revelou que está morando na capital alemã e que deseja procurar uma bolsa para doutorado. Disse, ainda, que está vivendo com ajuda de amigos e não tem onde morar, de acordo com informações de Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim.
Wyllys criticou duramente a política de segurança do governo de Jair Bolsonaro, dizendo que há uma tentativa de legalizar assassinatos cometidos contra minorias e, também, um passo inicial para uma futura repressão à oposição.
“Minha vida ainda está se assentando. Estou em Berlim, não tenho moradia, conto com ajuda de amigos. Ainda não tenho um novo trabalho. Provavelmente, vou me inscrever em um programa de doutorado, para fazer doutorado. Existem conversas com instituições que podem me receber como pesquisador, como professor visitante. Existem conversas com diferentes instituições, mas ainda não há nada acertado”, afirmou.
Visto
Wyllys destacou que chegou a receber uma oferta de asilo político pelo governo francês, mas que não deve aceitar. “O asilo político é um instituto que demora um tempo. Há outras pessoas que precisam de asilo político. Para mim, permanecer aqui com um visto de estudante ou pesquisador é muito melhor do que um asilo político”.
O ex-parlamentar criticou a família Bolsonaro: “Ele (Jair Bolsonro) e seu filho, o ‘Zero Dois’ (o senador Flávio Bolsonaro), comemoraram nas redes sociais. Esse é o nível do presidente do Brasil. Não basta ser um energúmeno, um incompetente, uma pessoa que esteve 30 anos no Parlamento e não produziu nada. Não basta ser um imbecil e incompetente que nada sabe sobre economia, políticas de saúde, educação, moradia e infraestrutura. Tem que ser esse debochado, esse moleque que trata a democracia dessa maneira. Ele só confirmou a minha decisão, só me deu razão de que, de fato, o Brasil não era mais o lugar para mim”, disparou.
Ainda sobre o assunto, ele disse: “Chegamos a um ponto no Brasil em que consideramos o general Hamilton Mourão, com um histórico de extrema direita, como moderado. A que ponto chegamos? Ele é um militar de extrema direita, mas ainda consegue ser minimamente moderado, lúcido, diante do sujeito que é hoje presidente da República e que comemorou a saída de um deputado por conta de ameaças de morte”, disse.
Voz ativa
Wyllys afirmou que vai continuar sendo uma voz ativa na política brasileira, mesmo fora do país. “A minha decisão foi um ato de preservação da minha vida e proteção da minha família, mas foi também um recado político ao mundo. Uma maneira de deixar de naturalizar o que estava sendo naturalizado no Brasil”, disse.
“Acho que esse recado já foi dado e essa voz permanecerá falando, ainda que nesse momento eu me recolha um pouco mais porque estou emocionalmente ainda muito afetado com tudo o que aconteceu. Isso não significa que vou deixar o front. É possível fazer política fora do Parlamento”.
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