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Antes mesmo de sua inauguração oficial, o novo partido que abrigará o presidente Jair Bolsonaro já acumula inúmeras questões polêmicas. Tanto por seu projeto político, quanto por sua composição: o Aliança Pelo Brasil tem de tudo para ser a mais nova casa da extrema-direita brasileira. Controlado pela família Bolsonaro, a sigla reunirá apenas os mais devotos fiéis do presidente. Tal característica aponta para uma guinada neofascista na política brasileira que em muito se assemelha aos governos militares da ditadura.
Nos perfis das redes sociais da nova legenda, três palavras aparecem seguidas: “Deus”, “pátria” e “família”. Juntas, elas formam o lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento conservador, ultranacionalista, com viés fascista e fundado na década de 1930 - e que teve papel fundamental no golpe militar de 1964. Os três termos são comumente empregados por Bolsonaro, ideais defendidos por ele desde o início de sua campanha.
Apesar de apostar no "integralismo" como bandeira do Aliança pelo Brasil, o novo partido da família Bolsonaro também abusa do fundamentalismo cristão, do anticomunismo e de uma aversão pela democracia liberal, características que vão ao encontro do que o país presenciou nos governos militares, em especial com Emílio Médici, no Arena.
Ainda sem um projeto político claro, o manifesto do partido apenas apresenta clichês fascistoides que não citam, em nenhum momento, palavras como desenvolvimento social ou democracia. "Muito mais que um partido, é o sonho e a inspiração de pessoas leais ao Presidente Jair Bolsonaro, de unirmos o país com aliados em ideais e intenções patrióticas”, diz o texto do manifesto.
Em outro trecho, o texto ainda reforça que “a Aliança pelo Brasil é o caminho que escolhemos e queremos para o futuro e para o resgate de um país massacrado pela corrupção e pela degradação moral contra as boas práticas e os bons costumes”.
Para disputar as eleições municipais em 2020, o novo partido de Bolsonaro precisará coletar quase 500 mil assinaturas em pouco mais de quatro meses, algo que os bolsonaristas apontam ser possível através de assinaturas digitais, feitas através das redes sociais e de um aplicativo que será lançado pelo partido. No entanto, a lei não prevê essa possibilidade, apenas em papel. A coordenação do processo está a dos filhos do presidente, Flávio e Eduardo, e dos advogados Admar Gonzaga e Karina Kufa.