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A jornalista Thais Bilenky, autora de um tuíte de 14 de março de 2018, data do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em que a assessoria do então deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) informava que ele, por conta de uma indisposição, teria ido de volta para o Rio de Janeiro naquele dia, publicou artigo na revista Piauí, nesta quinta-feira (14) explicando o imbróglio.
De acordo com ela, “a informação sobre o retorno antecipado de Bolsonaro ao Rio naquele 14 de março não se comprova”. Conforme antecipou matéria da Fórum publicada nesta quarta-feira, “no mesmo dia, ele aparece em um vídeo durante uma sessão da Câmara dos Deputados, por volta das 20h05. O deputado estava ao lado de seu ex-colega Alberto Fraga (DEM-DF)”, explica a jornalista.
“O registro de entrada de Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra”, prossegue ela, “é das 17h13 daquele dia. Segundo registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), quatro voos partiram do Rio de Janeiro para Brasília em horários próximos da chegada de Queiroz ao condomínio. O primeiro foi o 6234, da Avianca, que decolou do aeroporto Santos Dumont às 16h40 – antes, portanto, que a portaria registrasse a visita de Queiroz. O segundo voo, o 3028, da Latam, saiu do Santos Dumont às 17h49 e chegou às 19h35 em Brasília. Foi o único a pousar antes do horário em que Bolsonaro aparece no vídeo da Câmara. No entanto, entre a entrada de Queiroz, às 17h13, e a decolagem do avião da Latam, às 17h49, passaram-se 36 minutos. O aplicativo de trânsito Waze calcula em cerca de uma hora e dez minutos o tempo de deslocamento do Vivendas da Barra ao Santos Dumont nesse horário. O condomínio fica na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense. O aeroporto fica na zona central”.
Thais Bilenky lembra ainda que “Bolsonaro emitiu duas passagens naquele 14 de março de 2018, ambas saindo de Brasília com destino ao Rio. Uma delas foi reembolsada no dia seguinte. O site da Câmara não disponibilizou detalhes como o dia do voo efetivamente nem os horários. Ambas eram da Gol. Solicitei tais informações à Câmara, que ainda não retornou. Por meio de sua assessoria, a Gol afirmou que não fornece informações sobre seus passageiros e bilhetes emitidos”.
Para encerrar, ela afirma que voltou a telefonar para o assessor de Bolsonaro. “Ele disse que não se lembrava da conversa e que até a Rede Globo mostrou imagens de Bolsonaro na Câmara – reportagem do Jornal Nacional informou que o então deputado registrou presença nas sessões daquele dia”.