Otimista com Bolsonaro, Mendonça de Barros afirma: desemprego reduz custos para empregador

Um dos articuladores do projeto econômico de FHC, ele ainda diz: “tem que privatizar tudo. O governo tem uma responsabilidade de gastos sociais que é incompatível com a posição dele de investir em empresas. Repito: tem que privatizar tudo”

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Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um dos principais articuladores econômicos do governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de Minas, publicada nesta quinta-feira (4), que estamos no início de um ciclo de recuperação”. Com relação à alta taxa de desemprego, Mendonça dispara: “enquanto é pior do ponto de vista do empregado, é melhor hoje em dia para o empregador. O ambiente cria empregos não formais, o que reduz aqueles custos trabalhistas e impostos que o emprego formal tem. Do ponto de vista de custo para o empregador, o cenário é muito mais favorável hoje”, conclui. Além do custo menor para se empregar, outro ponto apontado pelo economista é a inflação. “Por causa da recessão, estamos com a inflação no chão. E essa desinflação permitiu que se criasse uma expectativa de dois, três anos de inflação abaixo da meta, enquanto que a inflação na época da Dilma estava pegando fogo”. Sobre o crescimento, ele também apontou para o otimismo: “Quem olhar para os números vai enxergar uma melhora. Nesta semana, saiu o dado da produção industrial, que cresceu 0,8% em agosto. O mercado esperava uma alta de 0,3%. É verdade que está caindo 2,3% em 12 meses, mas já melhorou”. Para ele, “estamos no ponto de início de um ciclo de recuperação”. Seguindo à risca a receita neoliberal, Mendonça aponta o que ele chama de conta-corrente. “O Brasil não tem poupança interna, a poupança vem de fora. Quando você fica um longo período tomando dinheiro da poupança de fora, você começa a pagar juros, piora a conta-corrente, e as pessoas passam a ter medo da cotação do dólar. E aí para a entrada de capital, que foi um dos aspectos que fizeram a economia brasileira levar aquele tremendo tombo. E a conta-corrente agora está muito baixa, piorou um pouco”. Sobre a onda de pessimismo, o economista culpa, entre outras coisas, a mídia: “Vocês sempre preferem divulgar mais a informação negativa do que a positiva". Para ele, os setores da economia que vão empurrar o PIB serão “o setor de consumo, o imobiliário e automóvel, tudo que depende de consumo vai subir, e já está subindo. Se você olhar as vendas do comércio, já estão crescendo 2,5% ao ano. O analista tem que identificar o setor e acompanhar tudo. Por exemplo: a indústria, na posição anual, espera aprofundar a queda de 2,5% para 3%. É ruim, mas quando você vai para o mensal, a indústria subiu 0,8%. Esse mensal é que vai para o PIB no terceiro trimestre”. Sobre as privatizações de Paulo Guedes, ele faz a defesa veemente. “Não é uma coisa talvez nem para o ano que vem. Esse sinal das estradas foi muito positivo, porque saiu com deságio, houve briga entre os consórcios e saiu com deságio de quase 40%”. Ao final, desabafou: “Tem que privatizar tudo. O governo tem uma responsabilidade de gastos sociais que é incompatível com a posição dele de investir em empresas. Repito: tem que privatizar tudo”.