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O papel de primeira-dama não é muito confortável na opinião de Ana Estela Haddad, que já esteve nessa posição quando seu companheiro, Fernando Haddad, foi prefeito de São Paulo. Após meia hora de entrevista com a esposa do segundo colocado na disputa presidencial, é fácil entender por quê. Ana Estela tem uma carreira bem-sucedida, é professora da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, foi uma das idealizadoras do Programa Universidade para Todos (ProUni) e gestora no Ministério da Saúde.
“Quando Fernando chegou à prefeitura, foi uma situação diferente. Eu mantive minhas atividades acadêmicas e me vi numa situação de desempenhar um papel de representação. A leitura que procurei fazer foi de aproveitar isso como uma oportunidade de fazer algo dentro da gestão pública, porque eu gosto, não porque eu teria que fazer”, contou Ana Estela, em entrevista exclusiva à Fórum.
Ela revelou que quando trabalhava no Ministério da Educação respondia as cartas que chegavam ao ex-presidente Lula. As mais complexas. Das reclamações e da percepção das dificuldades das pessoas em cursar uma graduação, nasceu a ideia do ProUni. Contou ainda que foi convidada para ser candidata nestas eleições.
Ana recebeu a reportagem em sua residência, na zona Sul de São Paulo. A casa é a mesma onde Fernando passou a infância. Hoje vivem o casal e os dois filhos, Frederico e Carol, além dos dois cachorros, o labrador Stick e a vira-lata adotada, Atena. É possível ouvi-los durante a entrevista.
Em meio às mobilizações de mulheres contra o candidato Jair Bolsonaro, Ana Estela falou sobre feminismo e disse acreditar que a geração atual está “mais empoderada e concede menos”. “Todas nós mulheres no momento em que a gente nasce mulher, e passa desde criança por todo processo de socialização, tem uma luta colocada, que é inegável. Todas nós sentimos e vivenciamos. Quando olho a minha filha e minha geração atual, vejo uma mulher mais empoderada, que concede menos.”
Sobre Bolsonaro, Ana diz parecer se tratar de uma ficção. “A gente vem vivendo um tempo, uma contemporaneidade, onde nós mulheres, de alguma forma, já não conseguimos mais compactuar com certas coisas, não dá mais para aceitar certos tipos de posturas, como essa radicalmente colocada numa situação de atraso. É até impensável, às vezes a gente lê de novo, ouve de novo, para ver se é isso mesmo que ouvimos.”
Assista à entrevista na íntegra.
https://youtu.be/eAvpidWlI_E