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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) soltou nota, nesta quarta-feira (26), denunciando assédio, exposição indevida e difamação em redes sociais impulsionados por figuras públicas como Danilo Gentili e o escritor Flavio Gordon contra a jornalista Marina Dias e seu colega Rubens Valente, os dois da Folha de S. Paulo.
Marina e Valente foram os autores da reportagem “Ex-mulher afirmou ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro, diz Itamaraty”, onde a ex-mulher do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle afirmou ao Itamaraty em 2011 ter sido ameaçada de morte por ele, o que a levou a deixar o Brasil. O relato consta de um telegrama reservado arquivado no órgão, ao qual a Folha teve acesso.
Leia abaixo a nota da Abraji na íntegra:
Jornalista é alvo de ataques nas redes após publicação de reportagem
Desde a última terça-feira (25.set.2018), a repórter Marina Dias (Folha de S.Paulo) é alvo de exposição indevida, assédio e difamação em redes sociais após a publicação da reportagem “Ex-mulher afirmou ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro, diz Itamaraty”. Apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), impulsionados por figuras públicas como o humorista Danilo Gentili e o escritor Flavio Gordon, expõem a imagem da jornalista e se referem a ela de forma pejorativa e agressiva.
O ataque afeta também outros profissionais: Rubens Valente, que assina a reportagem com Dias, foi alvo de agressões verbais e exposição da imagem associada a frases pejorativas. A foto e dados pessoais de uma jornalista homônima de Dias, que atua na revista Encontro, de Belo Horizonte, circula como sendo da repórter da Folha. Diego Escosteguy, ao repercutir a reportagem, foi atacado pelo jornalista e apresentador Allan dos Santos.
Contando com estes casos, a Abraji já registrou 58 ocorrências de assédio a jornalistas em meio digital no contexto das eleições. O levantamento não é exaustivo; pode haver casos não documentados pela associação.
A frequência e a intensidade de ataques deste tipo motivou a Abraji a criar a cartilha “Como lidar com assédio contra jornalistas nas redes”, lançada em agosto deste ano.
A Abraji condena com veemência a ofensiva contra os jornalistas. O assédio direcionado a uma profissional de comunicação por causa de seu trabalho atingiu desta vez um novo -- e pior -- patamar, ao expor de maneira criminosa dados pessoais de terceiros, alastrando as agressões.
Promover a perseguição a jornalistas por discordância em relação ao que publicam é atentar diretamente contra a democracia.
Diretoria da Abraji, 26 de setembro de 2018.