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O desembargador que tirou o processo contra Beto Richa(PSDB) por suposto recebimento de propina da Odebrecht da vara do juiz federal Sérgio Moro tem a filha nomeada no governo do Paraná pelo próprio tucano. Ela também é filiada ao PSDB. Nesta segunda-feira (30), Luiz Fernando Wowk Penteado determinou que o inquérito que investiga o suposto pagamento via caixa dois de R$ 2,5 milhões da Odebrecht a Richa em 2014 seja conduzido sob fiscalização da 177ª Zona Eleitoral de Curitiba, e não da 13ª Vara Federal de Curitiba, na qual atua Moro.
Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) há cerca de dois meses e desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) desde 2001, Penteado concedeu uma liminar a Richa por considerar que não houve “considerável aprofundamento nas investigações” para não remeter o caso à Justiça Federal. “Não existem, em tese, elementos objetivos de conexão entre os supostos crimes eleitorais cometidos pelo investigado e eventuais delitos de competência da Justiça Comum”, escreveu no despacho.
Filha do magistrado, a advogada Camila Witchmichen Penteado, de 34 anos, é filiada ao PSDB de Prudentópolis desde outubro de 2003, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em novembro dde 2017, ela foi nomeada por Richa para ocupar um cargo comissionado no gabinete do governador. De imediato, foi designada para atuar no Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e segundo o Portal da Transparência do governo estadual, Camila recebe salário bruto de R$ 7.072,07.
A investigação apura se a doação de R$ 2,5 milhões feita pela Odebrecht à campanha de reeleição de Richa foi uma contrapartida ao favorecimento da empresa na licitação para duplicação da PR-323. Na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, não há registro de doações da empreiteira. Um áudio de Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Comunicação de Richa, revela a existência de um “compromisso” para que a Odebrecht vencesse a licitação.
É a segunda vez que o inquérito contra Richa tirado das mãos de Moro para ser julgado pela Justiça Eleitoral. Em abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) enviou o processo para as justiças Eleitoral e Federal. Em junho, no entanto, a Corte Especial do STJ decidiu acolher um recurso do ex-governador e remeter o inquérito somente para a Justiça Eleitoral do Paraná.
Para Moro, havia indícios de que não se tratava apenas de caixa 2, pois laudos indicam que o dinheiro supostamente repassado à última campanha de Richa veio de contas no exterior, comprovando “o caráter transnacional do suposto crime de corrupção e lavagem” e firmando “a competência da Justiça Federal”.