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O empresário e economista Roberto Giannetti da Fonseca, ligado ao PSDB, conselheiro de Geraldo Alckmin e ligado, também, a João Doria, todos tucanos, foi alvo de nova ação da Operação Zelotes, deflagrada na manhã desta quinta-feira (26), segundo reportagem de Mateus Coutinho, de O Globo. Ele é suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro, pois teria recebido pagamentos de R$ 2,2 milhões para beneficiar a empresa Paranapanema. Essa companhia conseguiu se livrar de débitos tributários de cerca de R$ 650 milhões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em 2014.
Outro investigado é o ex-secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho. No total, são 11 mandados de busca contra sete pessoas físicas e duas jurídicas nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal.
As quebras de sigilo bancário mostram que, por intermédio de sua empresa de consultoria, Giannetti teria formado uma sociedade com um escritório de advocacia que atuou no caso e repassado recursos recebidos da Paranapanema para uma conselheira da Receita Federal e um advogado, que teriam agido de maneira ilícita junto aos responsáveis por julgar o caso.
O economista foi um dos favoritos para coordenar o setor econômico da campanha de Alckmin à presidência, mas o tucano escolheu Pérsio Arida. Giannetti também é ligado a João Doria. Em setembro de 2016, quando o atual candidato ao governo de São Paulo se licenciou de suas empresas para disputar a prefeitura, o economista se transforou em vice-chairman do Lide, empresa de Doria, que organiza eventos com líderes empresarias e setores do governo.
Investigações da Receita Federal e quebras de sigilo de telefonemas e e-mails fizeram com que as autoridades chegassem em Giannetti. Ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior no governo Fernando Henrique, ele tem larga experiência na área de comércio internacional e é presidente da Kaduna Consultoria, que assessora empresas. A Kaduna foi contratada pela Paranapanema, que atua no refino de cobre e na produção de fios, barras e outros produtos oriundos do metal, no momento em que enfrentava um processo no Carf sobre impostos cobrados na importação de insumos usados para produtos de exportação.
E-mail
A empresa conseguiu um parecer favorável do Carf, em 2014, e se livrou de pagar R$ 900 milhões, em valores atualizados, que a Receita vinha cobrando referentes à importação de insumos. Foi em um e-mail do próprio Giannetti para a então gerente jurídica da Paranapanema no mesmo dia da publicação do acórdão, que os investigadores enxergaram que poderia haver uma articulação fraudulenta, junto ao governo, para que não fosse questionada a decisão do Carf.
Na mensagem, Giannetti afirma: “Creio que o ministro Mauro Borges e o Secretario Daniel Godinho do MDIC estarão se empenhando sobre este caso paradigmático, de forma a dialogar com a Fazenda e a PGFN sobre a inconveniência de recorrer desta decisão já promulgada”. Ao final da mensagem, ele diz que informará à empresa “o mais breve possível se soubermos de novidades deste processo”.
A suspeita da Zelotes é de que o grupo que atuava no Carf, incluindo o próprio Roberto Giannetti, teria interferido junto ao então secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, para conseguir “convencer” o procurador a não recorrer. Godinho também é alvo de buscas nesta manhã.