Escrito en
POLÍTICA
el
Envolvido no esquema conhecido como a máfia do ISS, o ex-subsecretário da Receita Municipal de São Paulo, Ronilson Rodrigues, fez graves acusações contra o promotor do Ministério Público Roberto Bodini. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Rodrigues afirma que foi coagido a envolver no escândalo o nome do ex-prefeito e ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Segundo o auditor, a prisão da esposa foi uma forma de obrigá-lo a fazer a delação premiada “da forma como eles queriam”.
Rodrigues afirma que não tinha nenhum contato com Kassab (“eu era apenas o subsecretário). No entanto, o promotor agia com “tortura psicológica”. O objetivo era envolver os nomes do ex-prefeito e do então secretário de Relações Governamentais, Antônio Carlos Maluf, no esquema de propinas que as empresas pagavam para conseguir desconto no Habite-se depois do fim das obras.
A investigação resultou na abertura de mais de 400 inquéritos. O ex-subsecretário foi condenado em um dos 24 processos que responde. Ele recorre da condenação em liberdade.
“Fiquei cinco dias em prisão temporária, que foi renovada por mais cinco dias. Para forçar a delação na cadeia", disse o auditor à Folha. Ele afirmou ainda estar disposto a fazer delação premiada e citar uma lista de políticos “especificamente alguns vereadores” envolvidos.
Em sua versão, a delação premiada teria sido usada contra outros dois auditores que acabaram aceitando “contar o que não sabem”. “Dormi na chamada ‘praia’, no chão, junto do banheiro. O banheiro não tem porta. Você faz as necessidades na presença de todo mundo. E isso faz com que a pessoa perca sua noção psicológica, se desestruture, se descontrole e faça qualquer tipo de delação, como aconteceu com o Barcellos (auditor que aceitou fazer a delação).”
Em mais uma acusação, o ex-subsecretário diz que o MP pediu a prisão de sua esposa depois que uma carta de intimação foi enviada para o endereço dos pais dela. “Como se estivéssemos foragidos. Nunca deixei de atender a um ato processual.” Sua esposa ficou presa por sete dias. Avançada a investigação, o Ministério Público passou a pedir a absolvição dela. “Hoje ela está traumatizada. Toma remédio controlado.”