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Atualizado às 12h18 de 15/05
O doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, delator da Lava Jato, foi preso preventivamente em João Pessoa (PB) na manhã desta terça-feira (15). Ceará atuava na Lava Jato com o doleiro Alberto Youssef, e firmou, em 2014, acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com nota da Polícia Federal desta terça-feira, ele "retornou às suas atividades ilegais".
Ceará foi preso pela primeira vez em 17 de março de 2014, em Balneário Camboriú (SC), na primeira fase da Operação Lava Jato. No acordo feito na época, Ceará delatou os políticos Fernando Collor de Mello, Aécio Neves, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No mês seguinte, em 22 de abril de 2014, o Ministério Público Federal do Paraná apresentou denúncia contra Ceará por apenas um crime: operar, sem a devida autorização, instituição financeira de câmbio, com pena prevista de um a quatro anos de reclusão.
O MPF-PR pediu ainda na denúncia o pagamento mínimo de multa de R$ 5 milhões por danos causados ao sistema financeiro e econômico. No dia seguinte, a denúncia foi aceita pelo juiz Sérgio Moro. Em seu despacho, o magistrado soltou Ceará da prisão preventiva, colocando-o em liberdade com medidas restritivas, tais como retenção do passaporte, proibição de contato com Alberto Youssef, ter de avisar ao juízo em caso de mudança de endereço etc.
De acordo com artigo publicado na Fórum, em 2016, por Helena Sthephanowitz, há no caso um buraco mal explicado, ou seja, saber "porque alguns investigados só saem da cadeia em Curitiba quando delatam qualquer coisa, quase sempre com efeitos políticos que atingem a atual base governista federal (na época o governo Dilma), enquanto outros que tinham informações que atingem a oposição tucana foram mandados para casa em silêncio, ganhando benefícios como redução de multas, suspensão e extinção de penas?". Leia o artigo completo de Helena aqui.
Na prisão desta terça-feira, a Polícia federal soltou nota sobre Ceará onde afirma:
“Quanto ao operador financeiro (“doleiro”) já investigado da Operação Lava Jato, chama atenção o fato de ter retornando às suas atividades ilegais mesmo tendo firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República e posteriormente homologado pelo Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal serão comunicados sobre a prisão do réu colaborador para avaliação quanto a “quebra” do acordo firmado”, afirma a PF.
Delações de Ceará
Em 2014, Ceará disse, em depoimento, que foi à Maceió e levou R$ 300 mil para o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) em pacotes de notas de R$ 100. O depoimento foi homologado em 2015.
À época, Collor negou conhecer Ceará e questionou a credibilidade do seu depoimento.
O delator também mencionou, em depoimento, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu R$ 300 mil a mando de Youssef. Aécio negou a afirmação.
Ceará ainda citou a entrega de dinheiro a outros políticos, entre eles, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Os senadores também negaram.
No caso de Randolfe Rodrigues, o então ministro Teori Zavascki, na época relator do processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, determinou o arquivamento das denúncias contra o senador, líder da REDE SUSTENTATIBILIDADE no Senado Federal, citado sem provas pelo delator Carlos Alexandre Rocha, o ‘Ceará’.
Diante da gravidade da acusação, a Procuradoria-Geral da República decidiu ouvir novamente o doleiro Youssef, que seria a fonte das denúncias de Souza Rocha. Reinquirido em 11 de setembro, o doleiro negou todas as versões de Souza Rocha, dizendo que “nunca teve a conversa relatada por Ceará”, que “nunca entregou dinheiro a Randolfe Rodrigues”, que “nunca falou sobre entrega de valores a Randolfe Rodrigues para Ceará ou qualquer outra pessoa”, que não conhece o senador da REDE e “nunca teve qualquer relação com ele”.
Com base nesses esclarecimentos, a procuradora Ela Wiecko, que em novembro de 2015 exercia o cargo de Procuradora-Geral da República, no lugar de Rodrigo Janot, pediu ao STF o arquivamento da Petição n° 5.819, esclarecendo: “Não se vislumbram elementos mínimos que possam fundamentar uma instauração de inquérito” em relação ao senador Randolfe Rodrigues.
Com informações do G1