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Em entrevista para a jornalista Maria Fortuna, na coluna de Marina Caruso, no Globo, o deputado estadual Marcelo Freixo disse que não será candidato a governador do Rio de Janeiro nas próximas eleições, pois perderia a proteção do Estado:
“Não. Preciso ser candidato a deputado federal para superar a cláusula de barreira (norma que restringe o funcionamento do partido que não alcançar determinado percentual de votos). Há um desafio para que eu seja o mais votado e isso ajuda na disputa à prefeitura daqui a dois anos. Se eu não tiver cumprindo mandato, com essas ameaças que sofro, terei que sair do Brasil e não estou disposto. Vamos ver o que sobra da democracia depois das próximas eleições.”
Perguntado se toma remedios para dormir desde o assassinato da amiga e correligionária Marielle Franco, respondeu que não: “Não tomo. Mas tenho dormido mal, acordo muito à noite, minha cabeça não para de rodar. Lembro da cena da minha mãe abraçando a dona Marinete (mãe de Marielle) e dizendo "sei o que você está sentindo" (Freixo perdeu um irmão assassinado pela milícia em 2006). Senti meu peito rasgando (emociona-se)”, disse.
Freixo disse também que se sente culpado pela morte de Marielle: “É o que mais trabalho dentro de mim. Não fui morto não só porque sou homem branco. Depois da CPI das Milícias, ganhei visibilidade, fui muito ameaçado. Agora, tive que reforçar a segurança e tomar mais cuidado com a rotina. Enquanto não sabemos quem fez e qual a motivação do crime, viveremos com medo. Mas há uma gana de resposta. As denúncias sobre milícia triplicaram na Comissão de Direitos Humanos. O prefeito de Nova York ligou perguntando como poderia homenagear Marielle”, contou.
Em 2011, na ocasião da morte da juíza Patricia Acioli, Freixo ficou 15 dias fora do Rio de Janeiro e relembrou: “Existia uma lista na época da morte da Patricia, e eu estava no topo dela. Recebi da secretaria de Segurança uma relação de planos para me matar. Tinha gente oferecendo R$ 400 mil. Quinze dias foi o tempo que a secretaria levou para reforçar minha segurança. Eu não tinha a intenção de não voltar.
No final, Freixo também falou a respeito dos tiros à Caravana de Lula e a reação dos tucanos: “É barbárie! Sobre a caravana do Lula, é ruim a fala do Alckmin ("PT colhe o que planta") e do Doria ("o PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência"). A social democracia não pode flertar com o fascismo. Tem que haver condenação, exigência de investigação. A morte da Marielle não é um problema do PSOL. O prefeito de Nova York me ligou para saber o que pode fazer (Freixo vai sugerir a criação de um mural de arte urbana dedicado à vereadora)”.