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A declaração é sobre a época da divulgação da gravação da conversa com Joesley Batista e foi dada em entrevista ao Estadão Conteúdo
Da Redação*
Luciana Temer, 48 anos, a filha primogênita do presidente Michel Temer (MDB), disse em entrevista publicada pelo UOL nesta sexta-feira (9): “Conheço o pai que tenho e sei os limites éticos dele”.
Ela foi secretária de assistência social da Prefeitura, na gestão de Fernando Haddad (PT), a quem admira e se identifica. Ex-delegada de defesa da mulher, em Osasco, trabalhou também com o governador Geraldo Alckmin e tem Gabriel Chalita (PDT) em alta conta.
Leia trechos da entrevista a seguir.
Sobre as crises envolvendo o pais, ela disse considerar tudo muito triste. “É muito difícil você ver o nome do seu pai, que é uma pessoa que você conhece há 50 anos, jogado na lama. Quando saiu na Globo aquela primeira chamada dizendo que havia um áudio no qual meu pai dizia para o Joesley para subornar o (Eduardo) Cunha para ficar calado, eu estava na rua, ouvindo o rádio. E aí eu cheguei em casa, meus filhos estavam em casa, não tinham ouvido a notícia; liguei no "Jornal Nacional' [programa da TV Globo], e aí o meu filho virou pra mim e falou assim: "O que é isso? Você acredita? O que está acontecendo?". Eu falei: "olha, meninos, eu não ouvi esse áudio, ninguém ouviu esse áudio. Mas, eu vou dizer pra vocês, eu corto os meus dois braços se o seu avô falou uma coisa dessas. Eu conheço o seu avô há 50 anos, ele jamais, em tempo algum, falaria uma frase dessas." E, afinal, quando saiu o áudio essa frase não existia. A frase que aparece no áudio é: "Estou mantendo uma boa relação". "Ah, você deve mesmo fazer isso". Isto é meu pai.
Já sobre o fato de ter trabalhado com Haddad, um militante petista, ela diz que “ele é um professor universitário, assim como eu sou uma professora universitária. Ele é um sujeito que foi se aprimorando intelectualmente, assim como eu busquei me aprimorar intelectualmente ao longo dos anos. Eu fui trabalhar com uma pessoa que fez um caminho de busca, de consciência social, assim como eu fui buscando meu caminho. Então não acho tão estranho que eu tenha ido trabalhar com o Haddad”.
Sobre trabalhar com Alckmin, ela disse o considerar “um sujeito muito sério, muito íntegro. Essa é minha experiência pessoal com ele. Se você perguntar com quem eu tenho mais afinidade de trabalho, de pensamento, eu tenho muito mais afinidade com o Haddad”.
Na sua família ela diz que o pensamento não é homogêneo. “Muito chato pensamento homogêneo. Com quem você vai discutir no almoço? A gente tem bons debates, mas temos uma afinidade num pensamento mais liberal. Lógico, sobre determinados assuntos eu não penso como o meu pai que é de outra geração, suas posições não são as mesmas e temos bons debates sobre essas questões. A questão de gênero, a questão de política de drogas, a gente tem posições que são diferentes.
Sobre a equipe ministerial de Temer, composta apenas por homens, ela disse considerar “uma questão um pouco de um homem mais velho que teve um convívio mais fácil a vida inteira com homens. Ele tem mais referências de homens que mulheres. Eu se fosse montar uma equipe, talvez montasse uma equipe mais feminina. Mas veja, Haddad, que é super moderno, tinha 3 mulheres em 27 secretarias...Não acho, enfim, que ele não tenha chamado mulheres por exclusão. Não houve predisposição em não chamar. Por outro lado, não houve predisposição em buscar um nome. Parece bobo, mas isso faz diferença”, disse.
*Leia a entrevista completa no UOL aqui
Foto: Secom/Prefeitura de São Paulo