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Coronel José Roberto Rodrigues comanda a pasta de Segurança Urbana da prefeitura de São Paulo e utiliza o veículo oficial para levar os filhos para a escola e para o trabalho.
Da Redação*
“A viatura, quando deveria ser usada somente pra fins de trabalho, está sendo utilizada pra favorecimento próprio e uso da família. E isso é uma rotina. Uma hora que se perde nesse translado de levar e buscar, e a viatura está no trânsito gastando o combustível da Prefeitura. Não é normal, todo mundo estranha, mas ninguém pode falar nada. Todo mundo tem medo de falar e ter de repente alguma represália, então ninguém fala”, diz. As informações são de Pedro Durán, da Rádio CBN.
O relato é de um funcionário da Secretaria de Segurança Urbana da prefeitura de São Paulo, na gestão do tucano João Doria, que preferiu não ter o nome revelado. De segunda a sexta, as caronas para os filhos fazem o secretário atravessar a cidade.
Da manhã, o carro passa na casa da família, na zona Norte. Depois, segue para a Vila Leopoldina, na zona Oeste, para deixar o filho mais novo na escola. Dali vai para o Itaim Bibi, deixar o filho mais velho no trabalho. E finalmente segue para a sede da Secretaria, que fica no centro. De noite, a rota se inverte e às quartas e quintas os quatro motoristas da prefeitura que se revezam ainda levam o filho mais velho para as aulas de pós-graduação.
Aliás, bem na época do início do curso, os motoristas tiveram o horário alterado para passar a trabalhar mais tarde. A Secretaria negou que os dois fatos tenham relação. No ano passado, um dos motoristas teve que estender o expediente pra levar a família pra uma colação de grau em São Bernardo do Campo.
O carro usado pelo secretário, um Corolla preto, circula por São Paulo como qualquer outro, justamente porque não tem a placa de bronze, aquela feita para carros oficiais. Por decisão do secretário José Roberto Rodrigues de Oliveira, o aparelho de GPS também não foi instalado - dificultando o controle e rastreamento do veículo pelo sistema oficial da secretaria.
“A placa preta teria que ser usada, né? Tem, existe essa placa de bronze com a nomenclatura 'Secretaria Municipal de Segurança Urbana'. Isso teria que ser usado já justamente pra evitar abuso com as viaturas. E existe um convênio que foi feito que todas as viaturas vão ter GPS. A grande maioria da frota já tem. Somente a do secretário que ele ainda não foi colocado. Eu já não sei o porquê. Mas fica no ar, assim, se é pra colocar em todas as viaturas, teria que ser geral, né?", completa a fonte.
A atitude do Secretário fere claramente um decreto de 1990, da então prefeita Luiza Erundina, que diz que “não se considera serviço público” nem sequer a condução dos próprios servidores do trabalho para casa e vice-versa. Ele também proíbe o uso dos carros para fins particulares e para o transporte de quem não esteja desempenhando atividades públicas.
Para explicar os translados, a Secretaria disse que o secretário e sua família são alvos potenciais de ações criminosas e até por isso os motoristas dele também são seguranças e portam armas. Sobre o GPS, eles dizem que há outro controle, em que os deslocamentos são registrados manualmente em planilhas.
O secretário disse que enviará um ofício para que a Controladoria Geral do Município expresse orientações sobre o uso dos carros levando em consideração as especificidades da pasta que ele comanda.
*Com informações da Rádio CBN
Foto: Divulgação/PMSP