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[caption id="attachment_125972" align="aligncenter" width="1024"] A renovação e a abertura política que definem a atuação de Haddad são as únicas alternativas do PT para evitar a obsolescência, diz o manifesto - Foto: Agência Brasil[/caption]
Um pequeno grupo de intelectuais lançou um movimento pela candidatura de Fernando Haddad à presidência em 2018. Em artigo publicado nesta quarta-feira (21), na Folha de S.Paulo, o antropólogo Ricardo Teperman, o engenheiro Luis Rheingantz e o economista André Kwak explicam as razões de sustentação do manifesto “Eu voto no Haddad, me pergunte por quê”.
Acompanhe a íntegra do texto:
Em tempos de esgotamento da chamada política tradicional, Fernando Haddad representa renovação ao mesmo tempo em que detém reconhecida experiência na administração pública.
Além disso, é a principal liderança com a transversalidade necessária para reunir a oposição do atual governo. Seu trânsito entre as salas de aula do Insper e os acampamentos do MTST é cada vez mais raro no Brasil polarizado de hoje.
Em suma, ele encarna como ninguém a proposta de quebrar as barreiras ideológicas e dar novo ímpeto ao pacto nacional da Constituição de 1988.
Dentre os legados da era Lula, com a devida exceção da luta contra a fome, o mais notável e de impacto transformador incontestado é a educação, área que Haddad comandou durante quase uma década.
Os inúmeros campi e escolas técnicas inaugurados, associados às cotas, ao Prouni, ao Fundeb e ao Enem transformaram o país, empoderando milhares de jovens.
O caráter inovador de sua gestão em São Paulo está sendo redescoberto graças à resiliência de projetos e realizações como a Controladoria Geral do Município, a renegociação da dívida com a União e as parcerias público-privadas.
Também se nota a percepção (tardia) por parte da opinião pública do acerto de medidas inicialmente polêmicas, como o novo plano diretor e as políticas de mobilidade urbana (diminuição da velocidade nas vias, corredores de ônibus, ciclovias), de direitos humanos, de desenvolvimento sustentável e de democratização do espaço da cidade.
Admirado e respeitado mesmo por antipetistas, está bem posicionado para liderar a transição do partido depois da possível, e deplorável, inviabilização da candidatura de Lula.
Coordenador do programa do PT, tem uma relação de confiança com lideranças tão antagonistas quanto Marina Silva e Guilherme Boulos, Ciro Gomes - que chama a aliança com Haddad de “dream team” -, Fernando Henrique Cardoso para quem Haddad é o melhor interlocutor da esquerda e Manuela DÁvila, do PCdoB, partido que foi parceiro indispensável de sua gestão em São Paulo.
A renovação e a abertura política que definem a atuação de Haddad são as únicas alternativas do PT para evitar a obsolescência - destino que tiveram os partidos sociais-democratas europeus que recusaram a se rever.
O movimento “Eu voto no Haddad, me pergunte por quê” foi criado durante as eleições de 2016. Ao longo do mês de setembro daquele ano, centenas de pessoas se empenharam em defender os avanços de sua gestão conversando com paulistanos pelas ruas da cidade.
O fato de ser uma iniciativa sem vínculo com estruturas partidárias, e tampouco com o candidato, permitia que o diálogo se estabelecesse de maneira mais aberta. Essa independência e liberdade de debate dão força para que o movimento continue ativo desde então.
Haddad se distancia da figura do político profissional pela trajetória acadêmica, à qual retornou após a passagem pela prefeitura; pela franqueza e serenidade de suas colocações; pela parceria produtiva com sua companheira Ana Estela, professora e gestora pública destacada.
Muito mais do que um “plano B”, Haddad tem tudo para ser o líder de uma frente ampla republicana, preocupada mais com os princípios programáticos do que com o velho pragmatismo, que se coloque como alternativa competitiva aos vários cenários regressivos à vista.