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A Comissão Permanente de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher realizou, no dia 23 de outubro, uma audiência pública na Câmara dos Vereadores de São Paulo sobre alienação parental. A reunião foi realizada das 18h às 20h. De acordo com a vereadora e deputada federal recém eleita Sâmia Bomfim (Psol), por volta das 19h dois policiais militares que não faziam parte da segurança da Câmara começaram a tirar fotos das pessoas presentes no local.
Ao estranhar a ação, que não havia sido comunicada, a assessoria de Sâmia foi conversar com os policiais para saber o que estava acontecendo. Em resposta, eles disseram que obedeciam ordem de serviço da 1ª Companhia do 45º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Segundo eles, aquela ação era para averiguar uma possível ocorrência de confusão ou quebra da ordem pública no local.
“Com esse clima de guerra na rua, a gente ficou preocupada e conversou com a polícia militar da Câmara. Eles não sabiam de nada. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) também não sabia. Aí esse meu assessor foi até o batalhão e ficou sabendo que nossa ação estava na lista de atividades que eram relativas ao segundo turno”, afirmou a vereadora em entrevista à Fórum.
Mesmo o tema não tendo nada a ver com as eleições, policiais foram orientados a fazer o registro do local. O batalhão, no entanto, forneceu cópias do relatório de patrulha para o mandato da vereadora. Entre os eventos, estavam o ato a favor dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB) e um evento convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) para falar sobre democracia.
De acordo com Sâmia, ela realmente fez parte de atos que eram a favor da democracia e contra o candidato eleito Jair Bolsonaro (PSL). Porém, este ato específico, a reunião era apenas para discutir o tema da alienação parental. “Mas, mesmo que fosse, isso não pode se tornar uma regra. Isso é um atentado ao direito do debate”, afirmou a deputada eleita que destaca o fato de muitas mulheres que estavam no local não poderem ser identificadas por conta de lutas judiciais.
Depois do ocorrido, Sâmia enviou um memorando ao vereador Milton Leite, presidente da Casa, dizendo o que tinha acontecido e pedindo que ele tome as medidas cabíveis sobre o caso. “Causa-nos estranheza que um Comando da Polícia Militar passe a averiguar audiências públicas realizadas no interior de uma casa legislativa”, diz a vereadora no documento.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para saber por qual motivo isso aconteceu, qual o objetivo das fotos, para onde elas foram enviadas e qual a finalidade da ação. A pasta não se manifestou até o fechamento desta reportagem. Assim que a SSP se posicionar, a nota será publicada na matéria.