Empresário Ricardo Semler alerta “companheiros da elite” contra apoio a Bolsonaro

Semler, em artigo na Folha, exorta: “Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis”

Ricardo Semler. Foto: Reprodução YouTubeCréditos: Reprodução YouTube
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O empresário Ricardo Semler, sócio da Semco Style Institute e fundador das escolas Lumiar, assina artigo na Folha desta terça-feira (2), com o título “Alô, companheiros de elite”, onde condena veementemente o apoio recorrente de empresários e colegas a qualquer candidatura que seja capaz de vencer o PT, inclusive agora ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O ex-professor visitante da Harvard Law School e de liderança no MIT (EUA) se recorda que alertou colegas contra Collor e também contra “a ida das elites à Paulista para derrubar a Dilma equivalia a ‘eleger’ o Temer e seus 40 amigos”. O empresário afirma que estremece “ao ouvir amigos, sócios e metade da família aceitando a tese de que qualquer coisa é melhor do que o PT”, escreveu. Semler afirma ainda que “a reação de medo e horror da esquerda, Ciro incluso, é ignorante”, para perguntar mais adiante: “Oras, trocar vigias com pistolas por seguranças com fuzis é um avanço? Ou é melhor aceitar que o país é profundamente injusto e um lugar vergonhoso para mostrarmos para amigos estrangeiros?”. Semler alerta que não compartilha “com os pressupostos ideológicos do PT e —até pouco— fui filiado a um partido só, o PSDB”, mas reconhece “que as elites deste país sempre foram atrasadas, desde antes da ditadura, e nada fizeram de estrutural para evitar o sistema de castas que se instalou”. Diante do apoio a Bolsonaro, o empresário pergunta: “Quem terá coragem, num almoço da City de Londres, de defender a eleição de um capitão simplório, um vice general, um economista fraco e sedento de poder, e novos diretores de colégio militares, com perseguição de gays, submissão de mulheres e distribuição de fuzis à la Duterte?”, alerta. Ao final, exorta seus pares: “Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis.  Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis” e encerra: “Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem”.