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Para o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, “a eleição de 2018 vai explicitar os interesses e a luta de classes”.
Por Lucas Vasques, com entrevista de Ivan Longo
João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), durante a Marcha da Via Campesina, da Frente Brasil Popular, realizada na manhã desta segunda-feira (22), destacou a tradição de lutas da capital gaúcha. “Porto Alegre, ao longo da história, sempre teve uma participação política muito importante, desde a luta contra a monarquia, depois com Getúlio em 1930, com Leonel Brizola na legalidade, que impediu o golpe contra o Jango, depois o combate contra a ditadura e agora estamos mobilizados nessa luta contra mais um golpe”, disse.
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Para o líder do MST, o primeiro passo é entender por que aconteceu o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. “O Brasil vive uma grave crise econômica e, na crise econômica, em qualquer sociedade, as classes tentam proteger seus interesses. A burguesia no Brasil deu um golpe para ela ter o controle absoluto dos quatro poderes: a Globo, o Judiciário, o Congresso e o Executivo. E ela precisa controlar os poderes para poder jogar todo o peso da crise econômica sobre as costas da classe trabalhadora. Então, o que aconteceu: eles deram o golpe, a maioria das pessoas achava que era só contra a Dilma, que, de fato, ela tinha cometido algum problema. Agora, a população está se dando conta e a classe média também, de que o golpe foi contra o povo e contra a própria classe média. A classe média que foi para a rua pedir o impeachment da Dilma, agora está envergonhada, não sai mais às ruas, porque percebeu que ela também está pagando a conta”.
Na avaliação de Stédile, para completar o golpe e a burguesia manter seu poder absoluto, é preciso ter a garantia absoluta de que ela vai ganhar as eleições. “E para eles ganharem as eleições têm de afastar o Lula. Acontece que essas eleições de outubro que vem não são eleições normais, como foram as dos últimos 15 anos. A exemplo de como foi a de 1989, vai explicitar os interesses de classe, vai explicitar a luta de classes que há no país. Então, a burguesia já está ensaiando seus candidatos: Alckmin, Meirelles, Huck, Bolsonaro. Porém, nenhum deles têm capacidade política e representação para enganar o povo. Eles sabem que vão perder as eleições. A classe trabalhadora, felizmente, independentemente de partidos, nomeou o Lula como seu representante e seu candidato. Então, o Lula hoje representa a unidade dos interesses da classe trabalhadora, que supera o PT, supera os partidos e as forças políticas em geral”.
Então, finaliza, defender o Lula hoje é defender o direito da classe trabalhadora de ter candidato. Portanto, é uma luta democrática. “Como disse o próprio Alckmin, a única saída que eles têm é derrotar o Lula na política, ou seja, nas urnas. Até porque nós sabemos que como o Brasil vive essa grave crise econômica, só vamos resolver o problema nas urnas, com disputa de projetos, não apenas nomes. Então, o debate da próxima eleição vai ser muito frutífero, porque obrigará as candidaturas a apresentarem programas para sair da crise. Então, essa jornada que começou aqui na Ponte do Rio Guaíba vai acabar no dia 7 de outubro”, finaliza.
Foto: Isaiana Santos/Mídia Ninja