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Delator Gustavo Ferraz, aliado de Geddel, levanta o tapete do esquema de Temer e Yunes em offshores no Panamá.
Da Redação*
Gustavo Ferraz, preso após a apreensão dos R$ 51 milhões em um apartamento de Salvador vinculado a Geddel, afirmou à Polícia Federal ter recebido uma mala de dinheiro em um prédio de São Paulo que fica no mesmo bairro de uma empresa de Michel Temer e de um escritório do advogado José Yunes (foto), homem de confiança do presidente.
No depoimento dado aos investigadores, porém, ele disse não se recordar de valores, do local exato ou da feição detalhada da pessoa que lhe repassou o dinheiro.
Gustavo é aliado do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A polícia encontrou a digital de ambos em plásticos que envolviam o dinheiro.
Tabapuã Pappers
A conexão entre Temer e José Yunes, bem como as movimentações financeiras suspeitas dos dois em offshores no Panamá, foi adiantada pela Fórum em várias reportagens em fevereiro deste ano:
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Na ocasião, investimentos de José Yunes por meio offshores no Panamá, intermediadas pela Mossack Fonseca, que ajudaram a financiar obras de prédios comerciais de luxo na capital paulista foram destrinchadas na revista pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
Gustavo Ferraz diz que quer colaborar com investigação
O depoimento de Ferraz foi dado em 8 de setembro, no mesmo dia em que ele foi preso.
Ele afirmou estar disposto a colaborar com os investigadores e admitiu ter ido buscar valores para o ex-ministro, preso no presídio da Papuda, em Brasília.
Ele contou para a polícia que, por orientação de Geddel, se encontrou com um homem "moreno" num local que a polícia suspeita que seja o Hotel Clarion Faria Lima, na rua Jerônimo da Veiga, no bairro do Jardins.
Na mesma data desse suposto encontro, os investigadores identificaram registro da presença neste hotel de Altair Alves, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba.
Segundo Ferraz relatou, ele caminhou com esse homem por cerca de duas quadras em direção a um escritório. "Essa pessoa a levou até um dos escritórios do prédio, sem identificação externa", afirmou, conforme consta no termo de depoimento. "Internamente o escritório também não tinha identificação. O declarante ficou sozinho em uma sala de reuniões aguardando", prossegue o texto.
Aos policiais, Ferraz afirmou ter sido recebido em uma sala de reuniões por outra pessoa que lhe "entregou uma mala de tamanho pequeno compatível com as permitidas em interiores de avião e disse que deveria entregar para o Geddel".
Logo, após, ele para a garagem do prédio, entrou "em um veículo Vectra, de cor preta" em direção ao aeroporto de Congonhas, onde embarcou para Salvador.
O hotel Clarion Faria Lima fica a apenas 300 metros de um endereço de uma empresa de Temer, a Tabapuã Investimentos e Participações, que fica na rua Pedroso Alvarenga.
Além de ser do mesmo partido, Geddel é amigo de longa data de Temer, de quem foi ministro da articulação política. Também na mesma região, a 290 metros do hotel, fica um escritório de Yunes, também amigo de Temer e que trabalhou no governo até pouco tempo atrás.
O operador Lúcio Bolonha Funaro também tem um escritório nas proximidades do hotel (200 metros).
Funaro, que também está preso na Papuda, desde julho do ano passado, mas que fechou delação premiada com as autoridades, admite ter operado ilicitamente para o PMDB da Câmara. Ele entregou uma série de documentos ao Ministério Público sobre pagamentos feitos a políticos da legenda.
*Com informações da Folha