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A apreensão foi feita após denúncia de deputados. Alessandra Cunha, a autora, foi chamada a depor.
Da Redação*
A caça às bruxas e a febre moralista continuam assombrando o país. Depois do encerramento da exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, provocada por manifestações do grupo fascista Movimento Brasil Livre (MBL), agora foi a vez de deputados estaduais de Mato Grosso do Sul registraram, nesta quinta-feira (14), um boletim de ocorrência contra uma artista plástica de Minas Gerais. Ela expõe obras no Museu de Arte Contemporânea (Marco) de Campo Grande. Para os parlamentares, os trabalhos fazem apologia à pedofilia. O título da obra que gerou polêmica é "Pedofilia" (foto).
Depois do registro na polícia, o delegado Fábio Sampaio, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), apreendeu o quadro. A coordenadora do Marco, Lúcia Montserrat, disse que foi intimada a depor sobre a exposição na sexta-feira (15).
A exposição chamada Cadafalso é da artista Alessandra Cunha. De acordo com a coordenadora do Marco, Lúcia Montserrat, as obras trazem detalhes que falam do machismo, das agressões que as mulheres sofrem e promovem questionamentos em torno desse tema. “A arte não é uma coisa passiva, e sim e discussão, de reflexão, de enfrentamento da realidade.”
A exposição foi tema de um debate na Assembleia Legislativa durante a sessão desta quinta-feira (14). Deputados alegam que as obras possuem conteúdo erótico e fazem apologia à pedofilia. Além da retirada das obras, eles pediram a inclusão da artista no cadastro estadual de pedófilos.
O deputado Paulo Siufi (PMDB), que também é pediatra, foi testemunha no boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil.
“O boletim de ocorrência visa exatamente a proibição das crianças e dos adolescentes a terem acesso a essas imagens que, na minha opinião, são obscenas e pornográficas e que devem ser restritas a quem é da idade adulta”, declarou Siufi.
A classificação etária da exposição era de 12 anos e isso foi uma orientação da própria artista. Alessandra Cunha mora em Uberlândia (MG) e disse que, se quiserem incluí-la no cadastro de pedófilos, vão ter que provar.
A classificação etária da exposição passou para 18 anos e segue assim até o encerramento no próximo domingo (17).
*Com informações do G1
Foto: Reprodução TV Morena