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O delator diz que só repassará o material à PGR se o acordo da J&F não for rescindido.
Da Redação*
O blog Coluna do Estadão, de Andreza Matais e Marcelo de Morais informaram neste domingo que o delator Joesley Batista chorou no momento em que os agentes abriram a cela da carceragem da superintendência da Polícia Federal em São Paulo para que ele entrasse após se entregar na tarde deste domingo.
A Coluna apurou que Joesley e o executivo da JBS Ricardo Saud devem ser transferidos para Brasília na segunda-feira, 10, em aeronave da Polícia Federal.
Os dois foram presos por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo, atendendo a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Eles são acusados de omitir informações no acordo de delação premiada.
A prisão, no entanto, é temporária, com prazo de cinco dias prorrogáveis por mais cinco e, de acordo com informações da colega Mônica Bergamo, pode ficar nisso. Joesley tem outras gravações ainda inéditas armazenadas no exterior e só repassará o material à PGR se o acordo da J&F não for rescindido.
Joesley argumenta que não houve omissão de provas, já que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, concedeu, no último dia 1º, mais 60 dias para os delatores anexarem dados ao caso.
Joesley trabalhava com a tese de que os delatores não eram obrigados a repassar à PGR gravações e documentos nos quais julgavam não haver indícios de crimes. Os procuradores entendem que cabe a eles dizer se e onde há problemas.
A contratação de Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é em si um ato simbólico. “Eu vou fazer a advocacia do confronto. Não terei contato institucional com a Procuradoria. Se houver rescisão, eles já têm advogado: eu.” O criminalista é um crítico do uso ostensivo de delações na Lava Jato.
As polêmicas que circundam a colaboração da J&F devem ampliar a pressão sobre Fachin no Supremo. Aliados do presidente Michel Temer dizem que, se Rodrigo Janot errou ao acelerar a tramitação do acordo dos Batistas, o ministro do STF incorreu no mesmo pecado ao homologá-lo sem cautela.
Esses aliados apontam que a PF só encontrou os áudios apagados por Joesley porque a defesa de Temer solicitou perícia no grampo que afetou o presidente. O exame não havia sido pedido por Fachin.
Cláudia Sampaio Marques, a procuradora designada por Janot para conduzir a investigação de suposta omissão de provas por parte da J&F, não participou da oitiva dos delatores.
Sampaio é ligada a Raquel Dodge. Inicialmente, a indicação foi vista como uma forma de deixar a ala da nova chefe do MPF a par do caso.
*Com informações do Blog do Estadão e da coluna de Mônica Bergamo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil