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Revista Época teve acesso à íntegra das fotos, que registram a organização e o empacotamento dos R$ 2,4 milhões entregues a mulas do presidente Michel Temer, do senador Aécio Neves e do doleiro Lúcio Funaro.
Da Redação*
No dia 12 de abril deste ano, o empresário Frederico Pacheco, primo do senador tucano Aécio Neves, se reuniu com o lobista Ricardo Saud, da JBS, para apanhar a segunda parcela de R$ 500 mil dos R$ 2 milhões acertados entre o então presidente do PSDB e Joesley Batista. Fred havia sido designado para a tarefa por Aécio, conforme registrado em áudio pelo próprio senador: “Um cara que a gente mata antes de fazer delação”. A Polícia Federal monitorava o encontro, em ação controlada, autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Revista Época fez a reconstituição da cena, por intermédio de gravações autorizadas pela Justiça. Reconstituiu, também, as outras quatro entregas de dinheiro vivo acompanhadas pela PF entre abril e maio deste ano, na Operação Patmos, resultado das delações dos executivos da JBS. Os cinco pagamentos somaram R$ 2,4 milhões. Foram três entregas de R$ 500 mil destinadas a Aécio, uma de R$ 400 mil destinada ao doleiro Lúcio Funaro e, por fim, uma de R$ 500 mil destinada a Michel Temer (PMDB), aquela da mala preta com rodinhas, que cruzou velozmente as calçadas de São Paulo pelas mãos marotas de Rodrigo Rocha Loures, o “longa manus” do peemedebista, segundo a própria Procuradoria-Geral da República.
A Época teve acesso, com exclusividade, a dezenas de imagens das malas, pastas e bolsas de dinheiro da JBS sendo estufadas com notas de R$ 50 e de R$ 100. Algumas poucas já eram públicas e outras estavam reproduzidas, em preto e branco, quase que como borrões, em processos no Supremo. O restante do conjunto, no entanto, permanecia inédito.
A força da íntegra desse material reside na exposição visceral e abundante do objeto que mobiliza o desejo e os atos dos corruptos, políticos ou não, no Brasil ou fora dele: notas, muitas notas, de dinheiro. Amarelas ou azuis. Em malas ou pastas. Recolhidas por familiares ou assessores. Dois meses após a delação da JBS, depois de várias semanas de discussões jurídicas e políticas sobre a crise que se instalou no Brasil, esse elemento tão primário, tão fundamental, do que define os casos de Temer e de Aécio, ficou convenientemente esquecido.
*Com informações da revista Época
Fotos: Reprodução/Revista Época
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