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Lula é tão ou mais importante para o Brasil e o mundo do que qualquer dos biografados por Ruy Castro. Antes de tentar a qualquer preço um assunto para a sua coluna, talvez fizesse melhor se pesquisasse sobre a vida dele.
Por Julinho Bittencourt
O biógrafo e colunista Ruy Castro, na sua coluna desta quarta-feira (16), na Folha de São Paulo, talvez por falta de assunto ou, o que é pior, de imaginação, resolveu comparar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ator japonês, falecido na semana passada, Haruo Nakajima.
Nakajima interpretou o monstro Godzilla em 12 filmes e, de acordo com Castro, nunca abandonou o monstro, “fazendo aparições especiais em feiras, quermesses e, já que Godzilla não assustava mais ninguém, até em aniversários infantis”.
Lula, ainda segundo Castro, lembraria o ator, pois “está em caravana pelo país, arrastando sua fantasia de Godzilla, digo, Lula, por comícios para plateias de militantes profissionais”. Desculpem, a piada é, de fato, sem graça até para quem não gosta de Lula.
Tão sem graça que Castro acabou por se esquecer de alguns detalhes. Coisinhas à toa que deixam tão claro o avesso do seu artigo que chegam até a constranger. Lula está longe, muito longe do seu ocaso. Um simples clique no próprio jornal em que escreve bastaria para constatar isso.
A principal e mais óbvia razão salta aos olhos. Todas, sem exceção todas as pesquisas de opinião colocam Lula como o único candidato que tem o seu lugar assegurado no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Algo muito maior e mais alto do que a sua “plateia de militantes profissionais”.
Além disso, Lula é o político mais citado, perseguido, entrevistado e comentado da imprensa brasileira. Destruí-lo é a peça chave para se desmontar qualquer possibilidade de um projeto de esquerda hoje no Brasil.
Para fora do Brasil, os dois governos de Lula, que terminaram em 2010, são referência em todo o mundo, que lhe insiste em prestar homenagens, títulos e outras honrarias. Repetir o significado de Lula para o mundo contemporâneo, suas realizações e enfrentamentos é chover no molhado.
Alguém com tanta acuidade para apurar fatos a respeito da vida alheia deveria saber e perceber este mínimo, ao invés de ser tomado pelo preconceito e ódio de classe. Coisas que por vezes contaminam quem vive por Ipanema e adjacências, flanando em barquinhos e sonhando com o passado.
Lula é tão ou mais importante para o Brasil e o mundo do que qualquer dos biografados por Ruy Castro, sem desmerecer ninguém. Antes de tentar a qualquer preço um assunto para a sua coluna, talvez fizesse bem, tanto para a sua quanto para a nossa melhor compreensão do país, que ele se debruçasse sobre a sua vida. Fica a sugestão.
Foto: Ricardo Stuckert