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O grande problema do episódio, segundo Janot, foi a opinião pública se voltar contra os benefícios concedidos aos colaboradores, fato este "secundário", de acordo com ele, diante dos benefícios que as delações trouxeram ao país.
Da Redação*
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, publicou artigo no UOL nesta terça-feira (23) onde defende os benefícios concedidos aos irmãos Batista decorrentes das delações.
"Em abril deste ano, fui procurado pelos irmãos Batista. Trouxeram eles indícios consistentes de crimes em andamento – vou repetir: crimes graves em execução –, praticados em tese por um senador da República e por um deputado federal."
De acordo com Janot, os fatos que os donos da JBS traziam eram devastadores, como de fato foi comprovado. Os dois "corromperam um procurador no Ministério Público Federal. Apresentaram gravações de conversas com o presidente da República, em uma das quais se narravam diversos crimes supostamente destinados a turbar as investigações da Lava Jato", disse.
O procurador acrescenta que "além desses fatos aterradores, foram apresentadas dezenas de documentos e informações concretas sobre contas bancárias no exterior e pagamento de propinas envolvendo quase duas mil figuras políticas", revela.
O grande problema do episódio, segundo Janot, foi a opinião pública se voltar contra os benefícios concedidos aos colaboradores, fato este "secundário", de acordo com ele.
"Quanto valeria para a sociedade saber que a principal alternativa presidencial de 2014, enquanto criticava a corrupção dos adversários, recebia propina do esquema que aparentava combater e ainda tramava na sorrelfa para inviabilizar as investigações?" questiona Janot.
E vai além: "Até onde o país estaria disposto a ceder para investigar a razão pela qual o presidente da República recebe, às onze da noite, fora da agenda oficial, em sua residência, pessoa investigada por vários crimes, para com ela travar diálogo nada republicano?"
No final das contas, Janot conclui, se justificando:
"Embora os benefícios possam agora parecer excessivos, a alternativa teria sido muito mais lesiva aos interesses do país, pois jamais saberíamos dos crimes que continuariam a prejudicar os honrados cidadãos brasileiros, não conheceríamos as andanças do deputado com sua mala de dinheiro, nem as confabulações do destacado senador ou a infiltração criminosa no MPF."
*Leia o artigo no UOL
Foto: Commons