Leandro Seawright: Sugestão de carta de renúncia para Temer

Após a crise instalada com a delação do presidente da JBS, Joesley Batista, colunista da Fórum ajuda o presidente e divulga uma sugestão de carta, veja a seguir.

15/05/2017- Brasília - DF, Brasil- Presidente Michel Temer durante entrevista para o programa Frente a Frente da Rede Vida. Foto: Marcos Corrêa/PR
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Após a crise instalada com a delação do presidente da JBS, Joesley Batista, colunista da Fórum ajuda o presidente e divulga uma sugestão de carta, veja a seguir. Por Leandro Seawright* Sugestão de Carta de Renúncia (em caso de sinceridade, preencha, imprima e assine). Modelo simplificado. Brasília, dia 18 de maio de 2017 (8h01 da manhã). Eu, Michel Miguel Elias Temer Lulia, brasileiro, casado, advogado, professor universitário, portador do CPF número _____________________ do da cédula de identidade número ________________ e, até aqui, “presidente provisório” do Brasil, residente e domiciliado no Palácio do Jaburu, venho por meio desta renunciar à Presidência da República Federativa do Brasil pelas razões abaixo elencadas: a) Cheguei ao poder por meio de uma “ruptura” da “ordem democrática” brasileira (afinal, fui eleito para ser vice-presidente e para apoiar integralmente a ex-presidente da República – sem articulações ardilosas ou armações) e, por meio de uma “estratégia golpista” –, de bastidores –, envolvendo parlamentares de baixíssima reputação, envolvi-me com o evangélico e presidiário Eduardo Cunha, entre outros. b) Fui favorecido pela elite brasileira, e, portanto, beneficiado por meio de “acordos escusos”, não revelados; lances de bastidores. Tenho uma dívida maior com os representantes do capital do que a minha possibilidade de pagá-la; mas, pagá-la-ei. Não pensarei em crise, trabalharei sempre; c) Detesto a “classe trabalhadora” (tenho horror a pobre, a sindicatos e a mulheres que não sejam “belas”, “recatas” e do “lar”), pois ela tem privilégios em demasia: férias, 13º salário, horário de almoço de uma hora (que absurdo!..), entre tantos outros; não obstante, querem se aposentar (que afronta!); sou favorável às “modernizações” para as quais “o país não está inteiramente preparado”, tais como o avanço intensificado do “neoliberalismo econômico” e a supressão de direitos conquistados na década de 1940. Preciso honrar os patrões de todos, os grandes empreendedores e o capital internacional (além de ver se as contas do supermercado estão em dia); d) Não tenho mais do que 9% da aprovação popular (para ser otimista) e jamais venceria uma eleição presidencial – até porque não tenho condições de competir; e) Eduardo Cunha e suas “hostes” sabem (quase) tudo de mim...; f) Abdico de outras justificativas (são tantas...), para recordar-me de ontem, dia 17 de maio de 2017: sem alternativas, o Globo (gente do bem como eu...), vazou certos “escandalozinhos” (coisa “pequena” do dono da JBS). Fiquei sem condições mínimas para governar e parece que não tenho autoridade moral para conduzir o país; g) Contratei uma babá (vocês sabem como...); h) Tem tanta coisa para falar (entre patos, CBF’s, “frotas” e “vampirismo governista” – nem cabe no papel), mas, se me lembrar, falá-las-ei posteriormente.  Atenciosamente, Com gratidão pelas orações recebidas, _____________________________________ Michel Miguel Elias Temer Lulia   * Leandro Seawright é historiador e professor universitário. Pós-doutorando e doutor em História Social pela FFLCH/USP. Foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade  (CNV). É autor de diversos artigos acadêmicos e livros, entre eles “Ritos da Oralidade: a tradição messiânica de protestantes no Regime Militar Brasileiro”.   (Foto: Marcos Corrêa/PR)