Benedito Júnior, delator da Odebrecht, diz que também financiou por fora várias campanhas estaduais

O depoimento de Benedito Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tem 60 anexos. Cada um deles revela outras doações, muitas, segundo ele, para campanhas estaduais.

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O depoimento de Benedito Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tem 60 anexos. Cada um deles revela outras doações, muitas, segundo ele, para campanhas estaduais. Da Redação com Informações da Folha O depoimento de Benedito Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tem 60 anexos. Cada um deles revela outras doações, muitas, segundo ele, para campanhas estaduais. Benedito disse no mesmo depoimento que, após pedido de apoio feito pelo presidenciável tucano Aécio Neves, em 2014, a Odebrecht doou, em caixa dois, R$ 6 milhões para as campanhas dos tucanos Pimenta da Veiga, derrotado na disputa ao governo de Minas, e Antonio Anastasia, eleito para o Senado, e também para o deputado federal eleito Dimas Fabiano (PP-MG). BJ disse ainda que R$ 3 milhões em caixa dois foram dados ao marqueteiro Paulo Vasconcelos, responsável pela campanha de Aécio à Presidência. Ele admite ter pedido apoio ao empreiteiro, mas nega que tenha solicitado caixa dois. Pimenta da Veiga, Antonio Anastasia e Dimas Fabiano negam ter recebido valores não registrados em suas campanhas. A declaração de BJ foi feita na quinta (2) quando ele prestou esclarecimentos no processo que investiga possíveis irregularidades da chapa eleita naquele pleito. O ex-executivo não deu detalhes sobre as doações para outras campanhas estaduais e nem apontou nomes e partidos, porque o ministro Herman Benjamin, que conduziu o depoimento, considerou que declarações sobre outras candidaturas não são pertinentes ao caso, que investiga apenas a chapa Dilma-Temer. O delator contou que tinha relação com todas as legendas e era o responsável dentro da empresa por receber as demandas estaduais. Ele atendia aos pedidos dos candidatos aos governos estaduais, ao Senado, Câmara e assembleias. As demandas das campanhas presidenciais ficavam a cargo de Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira. O delator disse que um terço das demandas eleitorais chegavam à Odebrecht por executivos que eram procurados pelos políticos. Disse que executivos tinham certa autonomia para pagar propina e para fazer doações em caixa dois. Depois de definido o valor da doação a demanda era encaminhada para o Setor de Operações Estruturadas, conhecido como "departamento da propina", que fazia o dinheiro chegar até a campanha. BJ disse que as doações em caixa dois não significavam necessariamente pagamento de propina. Segundo ele, havia recursos que, apesar de não contabilizados, não eram contrapartida por um benefício conseguido. O executivo citou quatro áreas em que a Odebrecht fez pagamentos de suborno, mas não relacionadas a campanhas. São elas o projeto da construção de um submarino nuclear, a concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, a PPP (Parceria Público Privada) do Parque Olímpico e obras de metrôs. Como nenhuma tinha vinculação com campanha eleitoral, mais uma vez BJ não deu detalhes.