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Além do governador de SP, políticos de toda a região se esforçam para capitalizar dividendos políticos da transposição do São Francisco, obra que criticavam quando eram da oposição a Lula e Dilma
Por Eduardo Maretti, da RBA
A visita do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ao Reservatório de Copiti, em Pernambuco, tem como objetivo ampliar o cacife político para disputar as eleições. A avaliação é do deputado federal Enio Verri (PT-PR). José Serra é suspeito de ter recebido R$ 23 milhões (que teria recebido da Odebrecht por meio de caixa dois em 2010, segundo executivos da empreiteira), observa Verri, sobre o senador tucano que acaba de renunciar ao Ministério da Relações Exteriores. "O Aécio acabou. Temer não tem condições de disputar uma eleição. Nesse cenário, Alckmin quer preencher os requisitos da direita. E ele começa a atuar onde é mais fraco, que é no Nordeste", diz o deputado.
Na companhia do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, o governador de São Paulo sobrevoou ontem (22) trechos do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco, obra mais conhecida como Transposição.
O pretexto da viagem de Alckmin foi o fato de as obras, no trecho visitado, contarem com equipamentos “emprestados pelo governo de São Paulo ao Ministério da Integração, que estão sendo utilizados para acelerar a transposição do Rio São Francisco”, segundo divulgou o governo paulista. “Alckmin visitou o reservatório para acompanhar a operação das moto-bombas da Sabesp”, afirmou a assessoria do Palácio dos Bandeirantes, em nota.
O release da assessoria do governador informa na chamada a cessão das bombas e logo em seguida, no subtítulo, tenta induzir o leitor a associar ao governador paulista o potencial hídrico da obra. O projeto foi iniciado e em grande parte executado no período dos governos petistas.
Para Enio Verri, Alckmin “precisa ir muito” ao Nordeste, para reverter a percepção que a população local tem do governador paulista. “Ele não é respeitado pela população, porque o povo No nordeste o vê como representante da elite, pelo discurso, pelo comportamento e pelas práticas de gestão dele, que são práticas elitistas. Isso não cabe em um Nordeste que foi recuperado econômica e socialmente por políticas públicas desses 13 anos de um governo de caráter democrático popular.”
Para Verri, a abordagem de Alckmin e do governo paulista sobre as obras é contraditória. “A transposição do rio em si, que é revolucionária, só recebeu críticas durante os governos de Lula e Dilma.”
O deputado paranaense acredita que a movimentação mostra que “Alckmin é uma aposta da direita para 2018, até por exclusão”. Segundo ele, apesar de São Paulo, aparentemente, ser hoje menos afetado pela crise dos estados, e Alckmin contar com isso como “um ponto a favor”, o discurso nesse sentido não é suficiente num embate eleitoral nacional. “Ele vai usar isso. É isso que a direita usa. O choque de gestão, a demissão de funcionários públicos para equilibrar as contas. Mas não é o suficiente para o debate da política”, diz. “Com a crise que a direita está impondo sobre a economia do país e sobre o povo, Alckmin não resiste.”
A imprensa nordestina repercutiu a visita do ministro da Integração Nacional às obras. Lá, o destaque dado a Alckmin foi inferior ao conferido ao próprio Helder Barbalho, que é do PMDB do Pará.
Políticos de toda a região estão tentando capitalizar os dividendos políticos e eleitorais da transposição do São Francisco. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), por exemplo, tem postado em suas páginas nas redes sociais vários comentários e imagens sobre as obras, com as hashtags #riosaofrancisco #transposição . “Em breve irei ao Eixo Norte mostrar para vocês o andamento daquele trecho que deve ficar pronto em dezembro”, avisou no Twitter.