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O deputado federal, em seu primeiro e único discurso na tribuna da Câmara em que anunciou sua saída da vida política, disse que tem "vergonha" de seus colegas, mas usufruiu da mesma "vida boa" dos parlamentares que criticava
Por Redação*
O primeiro e último discurso do deputado federal Tiririca (PR-SP) na tribuna da Câmara na semana passada foi marcada por um discurso anti-corrupção e de "decepção" com seus colegas. Ele disse que sente "vergonha" da política e criticou a "vida boa" que levam os deputados que, segundo ele, "não pensam no Brasil".
Acontece que uma rápida busca no noticiário mostra que o palhaço já usou de verbas parlamentares para atividades que não tinham relação com seu mandato - ou seja, exercendo a "vida boa" que criticou em seu discurso.
Logo em seu primeiro mandato, iniciado em 2011, Tiririca, contratou, com dinheiro da Câmara, dois humoristas do programa "A Praça é Nossa" para serem secretários parlamentares, com salários que podem chegar a R$ 8 mil mensais se forem somadas gratificações. Os humoristas José Américo Niccolini e Ivan Oliveira, que vivem em São Paulo e ajudaram Tiririca a criar seu slogan "Pior que tá, não fica", não cumprem expediente diário como servidores da Câmara.
Ainda no primeiro mandato, utilizou sua verba parlamentar para se hospedar em um resort em Fortaleza (CE), quando foi visitar a família. Ele apresentou à Câmara em março de 2011 o pedido de reembolso de notas fiscais de R$ 660 de hospedagem e R$ 311 de alimentação no Porto d’ Aldeia Resort, hotel que fica em meio a dunas, com piscina e vista para o mar na capital cearense. Apesar de o regimento interno da Câmara exigir que as verbas sejam utilizados somente para exercício da atividade parlamentar, Tiririca não informou, na ocasião, nenhum compromisso oficial.
Já no seu segundo mandato, utilizou verbas parlamentares para pagar passagens aéreas para ele mesmo e para seus assessores em dias que tinha shows e apresentações - nada relacionado ao exercício de seu mandato.
Reportagem do Correio Braziliense desta segunda-feira (11) aponta alguns desses gastos. Por exemplo, em agosto, o palhaço usou R$ 2.746,52 do dinheiro da Câmara para comprar uma passagem para Ipatinga (MG), um dia antes de se apresentar na cidade. O mesmo aconteceu em setembro em uma viagem para Caruaru e Juazeiro do Norte. Na ocasião, Tiririca gastou mais R$ 377,70 com sua verba parlamentar - sem nenhum compromisso oficial.
As viagens dos assessores em datas de shows seus também foram pagas com dinheiro público. A assessora Loianne Oliveira, por exemplo, em abril, foi para Ilhéus, na Bahia, onde Tiririca se apresentou dois dias depois. Com a cota parlamentar do deputado, foram pagos R$ 2.098,80 das passagens. Entre novembro e janeiro, Loianne gastou R$ 38.833,44 em bilhetes aéreos reembolsados pela União, muitas vezes em itinerários que coincidiam com as apresentações do palhaço.
*Com Correio Braziliense e Estadão