Escrito en
POLÍTICA
el
"Se Moreira Franco recebeu (propina), e se tratando do Moreira Franco até não duvido”. O ex-deputado admitiu fazer operações financeiras com o doleiro desde 2003.
Da Redação
Nesta segunda-feira (6), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestou depoimento à Justiça Federal em Brasília. Entre os assuntos abordados, um dos articuladores do golpe que derrubou Dilma Roussef, confirmou uma audiência, em 2010, entre o doleiro Lúcio Funaro e o ministro Moreira Franco, à época vice-presidente da Caixa.
Por outro lado, ao contrário do que delatou Funaro, Cunha nega que tenha recebido propina por essa intermediação. Também negou que o doleiro tenha estado com Michel Temer nas três ocasiões citadas em delação – num culto evangélico, num comício em Uberaba (MG) e na base aérea de São Paulo. "Não há possibilidade de ele (Funaro) ter cumprimentado (Temer). Na minha frente, nunca cumprimentou Michel Temer, nem isso aconteceu".
Logo no início do interrogatório, Eduardo Cunha fez questão de adiantar que rebateria a delação de Lúcio Funaro, ponto a ponto. Além disso, recusou responder quaisquer perguntado por parte da defesa do delator.
Funaro revelou em delação oficializada no último mês de setembro, que teve uma reunião com Moreira Franco na Caixa, intermediada por Cunha, para tratar de assuntos de interesse do grupo Bertin. "Se Moreira Franco recebeu (propina), e se tratando do Moreira Franco até não duvido, não foi através das minhas mãos", rebateu Cunha ao juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal, onde o ex-deputado é réu em uma ação penal sobre desvios no fundo de investimentos do FGTS, administrado pelo banco estatal.
Apesar de ter confirmado a reunião, Cunha negou que tenha participado do encontro e por isso não saberia o que foi conversado. "Marcar uma audiência não significa que sou partícipe do fato", disse.
Confirmou também que recebeu doações oficiais do grupo Bertin em sua campanha de 2010, mas que elas não tinham relação com negócios na Caixa ou com o agendamento da reunião.
Cunha admitiu fazer operações financeiras com Funaro desde 2003, e que a última vez em que esteve com o doleiro foi em 7 de novembro de 2015, quase um mês antes de a Polícia Federal fazer uma busca e apreensão na casa do agora delator. Eduardo Cunha e Lúcio Funaro estão presos atualmente na Papuda, em Brasília.
*com informações da Folha
Fotos: Lula Marques/AGPT/Fotos Públicas e Valter Campanato/Agência Brasil