Miller na CPI da JBS: Não cometi crime, mas fiz uma lambança

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O ex-procurador falou também sobre suas motivações para deixar o cargo no MPF. "Não agi por ganância. Se fosse, teria ido na área criminal, onde os honorários são mais altos”. Da Redação Nesta quarta-feira (29), o ex-procurador da República Marcelo Miller prestou depoimento à CPI da JBS, no Senado. Envolvido com supostos acertos em delações de executivos da J&F, Miller se defendeu. “Eu cometi um erro brutal de avaliação. Não cometi crime, mas eu fiz uma lambança, é por isso que eu estou aqui”. Ex-braço direito do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, Marcelo Miller confirmou que respondia perguntas feitas pela J&F, antes mesmo dele pedir exoneração de seu cargo no Ministério Público. Disse ainda que eram dúvidas sobre tratativas da delação premiada e que ele, Miller, passou a refletir sobre o caso ainda atuando como procurador. “Eu incentivava a empresa a se remediar. A procurar as autoridades no Brasil e no exterior para falar a verdade”. Quando ainda estava à frente da PGR, Rodrigo Janot afirmou ter provas de que seu ex-auxiliar tinha orientado o grupo JBS na articulação de sua delação premiada enquanto ainda estava no MP; de onde Miller saiu oficialmente em abril deste ano. Durante o depoimento na CPI da JBS, Marcelo Miller classificou o pedido de prisão feito por Janot como “um disparate completo”. “Em primeiro lugar, eu não tinha foro. Ele não tinha atribuição para pedir minha prisão. Quais são os crimes que eu supostamente teria me articulado para praticar? Eu estava incentivando uma empresa a se limpar”, declarou o ex-procurador que acredita ter feito uma “desobstrução de Justiça”. Segundo afirma, seu trabalho teria sido orientar a empresa a relevar os crimes em que se envolveu. Disse ainda que a minuta de um contrato de R$ 15 milhões de honorários a serem cobrados da JBS por êxito na leniência nunca chegou a ser assinada. Contou que devido à repercussão, o escritório Trench, Rossi e Watanabe decidiu por não receber nenhum pagamento do grupo. Quando perguntado sobre sua relação com Rodrigo Janot, Miller disse que nunca foi muito próximo do ex-PGR. “Achei graça quando disseram que eu era braço direito de Janot. Nunca fui. A relação era meramente próxima. Ele não tinha nenhuma predileção por mim. Isso é verificável”, contou. Afirmou ainda que Janot e o procurador Eduardo Pelella não tiveram conhecimento da preparação que ele fez para atuar junto ao grupo J&F. Miller falou sobre suas motivações que o fizeram deixar o cargo no MPF. "Não agi por ganância. Se fosse, teria ido na área criminal, onde os honorários são mais altos. Eu não vou ser hipócrita. Se me oferecem o mesmo salário, eu iria? Não iria. Óbvio que queria ganhar melhor. Mas eu não queria ficar milionário. Não foi ganância." *com informações do Poder360 e Estadão Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil