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Diante da impossibilidade de fazer alterações radicais no espaço, as empresas devem ter dificuldades em desenvolver seus negócios e podem oferecer valores em patamares mais baixos na licitação do que era esperado
Da Redação*
O tombamento do Anhembi, atualmente tramitando no Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico), pode jogar água nas pretensões de Doria de entregar o local para a iniciativa privada. Algumas medidas podem impedir que atuais estruturas do complexo sejam alteradas sem autorização do órgão, o que a prefeitura teme que gere desvalorização do complexo para interessados.
Diante da impossibilidade de fazer alterações radicais no espaço, as empresas devem ter dificuldades em desenvolver seus negócios e podem oferecer valores em patamares mais baixos na licitação do que era esperado.
Em outubro de 2016, em artigo publicado na Folha, Doria disse esperar R$ 7 bilhões das vendas do Anhembi e do autódromo de Interlagos.
Quase toda a área de 400 mil metros quadrados do Anhembi é objeto do processo de tombamento: o pavilhão de exposições, o Palácio de Convenções, a sede da SPTuris (empresa de turismo e eventos da cidade), um jardim projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx e a área do estacionamento.
O sambódromo é a exceção e não será contemplado pelo processo de tombamento.
"A área entrou em processo de tombamento por conta da possível relevância para a arquitetura moderna (...) É importante no sentido em que mostra uma característica moderna que é a experimentação. Por exemplo, todo o processo de elaboração envolveu pesquisa de materiais para a estrutura metálica do pavilhão. Isso vale também para o 'pudim' [auditório Celso Furtado], no Palácio de Convenções", explica Mariana Rolim, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico da prefeitura, membro do Conpresp e relatora do processo de tombamento.
Para Cyro Laurenza, presidente do Conpresp, o tombamento deve ser pontual. "O pavilhão, apesar das boas lembranças, tornou-se algo indesejado. Quando chove fora, também chove dentro, o teto está furado. Já está tombando, a despeito do saudosismo", analisa.
"Tem engenheiros que dizem que modernizar não é mais uma opção financeiramente interessante para o pavilhão. Outros apresentam soluções diversas (...) É complicado pensar em adaptações pela dificuldade na instalação do ar-condicionado, por exemplo", afirma Rolim.
"Há construções que valeria a pena tombar, como o Palácio de Convenções, o auditório Elis Regina, o jardim. Sobre o pavilhão, não vejo valor arquitetônico em si, e ele tem problemas estruturais. É muito grande e poderia ter melhor uso", afirma Gabriel Rostey, especialista em política urbana.
O processo de tombamento tem prazo limite de definição em março. Caso se arraste até lá, pode empurrar para o meio do ano a transferência do espaço para a iniciativa privada, que o prefeito gostaria de ver já concluída no início do próximo ano.
DESESTATIZAÇÃO
Por ser alvo de privatização, e não de concessão, o Anhembi seria um dos itens do pacote de desestatizações de Doria que poderia ter impacto imediato, tanto em termos de retorno financeiro para a prefeitura como na execução de reforma do local pelo possível interessado.
Em audiência pública em setembro, Wilson Poit, secretário de Desestatização e Parcerias, disse que o Executivo aguardará a decisão do órgão.
"Só faremos a privatização após termos a decisão final do Conpresp, que está em andamento e tem data para terminar", disse. À Folha, afirmou que vai esperar o Conpresp para se pronunciar.
O programa de privatizações é peça central da agenda de Doria, que trava disputa interna no PSDB com o governador Geraldo Alckmin pela escolha do candidato do partido nas eleições à Presidência no ano que vem.
Para ser candidato em 2018, o prefeito terá de deixar o cargo até o início de abril.
O Conpresp é composto por nove titulares, cada um representando uma entidade específica, como a Ordem dos Advogados do Brasil e a Secretaria de Cultura.
*Com informações da Folha
Foto: Anhembi