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Ao contestar o relatório de Jovair Arantes, o ministro José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, afirmou que o parecer tem "erros crassos", é "viciado" e "ofende dispositivos da Constituição Federal". A mídia oposicionista, porém, preferiu aplaudir o parecer deste "personagem recorrente da crônica político-policial"
Por Altamiro Borges, em seu blog
O novo herói dos golpistas é o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO), que nesta quarta-feira (6) deu parecer favorável ao impeachment da presidenta Dilma. O relator da tal "comissão especial" leu quase 130 páginas para justificar o estupro da democracia. "Uns vão me chamar de herói, outros de vilão e golpista. Esses rótulos não me preocupam", afirmou logo no início da leitura do calhamaço. Como pau-mandato do correntista suíço Eduardo Cunha, ele demonstrou pouca intimidade com o seu próprio relatório. Em vários momentos, tropeçou nas palavras e pareceu não compreender os termos jurídicos do parecer. Mesmo assim, Jovair Arantes - famoso por suas ligações com notórios bandidos - foi poupado pela mídia golpista. A revista Veja, por exemplo, optou por "arquivar" velhas denúncias que publicou contra o agora impoluto e ético "relator do impeachment".
Em janeiro de 2012, o panfleto da famiglia Civita bateu para matar. "O deputado Jovair Arantes é um dos principais generais do baixo clero, aquele exército de parlamentares de atuação inexpressiva no plenário, mas de apetite pantagruélico por benesses pagas com verbas públicas. Político experiente, com cinco mandatos de deputado federal no currículo, líder do PTB e presença constante em reuniões no Planalto nas quais é discutida a pauta do Congresso, Jovair se destaca pela luta incansável por cargos e emendas. Essa obstinação lhe rendeu a simpatia dos colegas e embala os sonhos dele de chegar à presidência da Casa ou ser escolhido ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)".
Na ocasião, a 'Veja' não deixou de enfatizar que o deputado goiano "é o braço direito do presidente do PTB, o mensaleiro Roberto Jefferson" e que sempre utilizou o mandato para enriquecer "à custa do contribuinte". A reportagem exemplificava com alguns casos grotescos. "No escândalo que derrubou Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, o líder petebista foi apontado como sócio do consórcio montado em parceria com o PMDB para desviar dinheiro da Conab, estatal com orçamento anual de 6 bilhões de reais chefiada desde o ano passado por Evangevaldo Moreira, seu homem de confiança há mais de uma década... Jovair também já foi investigado por envolvimento com a chamada máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro destinado à compra de ambulâncias, e, mais recentemente, teve seu nome relacionado às fraudes com dinheiro de emendas do Ministério do Turismo".
A revista ainda lembrava as "denúncias que envolvem os órgãos controlados por seus apadrinhados no governo estadual de Goiás, que costuma apoiar sempre, qualquer que seja o governador. Trata-se de um personagem recorrente da crônica político-policial". É exatamente este sujeito que agora dá parecer favorável ao impeachment da presidenta Dilma. Ao contestar o relatório de Jovair Arantes, o ministro José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, afirmou que o parecer tem "erros crassos", é "viciado" e "ofende dispositivos da Constituição Federal". A mídia oposicionista, porém, preferiu aplaudir o parecer deste "personagem recorrente da crônica político-policial".
Ainda sobre Jovair Arantes, vale conferir duas matérias que tratam da sua folha corrida:
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O relator do impeachment, um deputado de valor (es)
Por Mauro Lopes, em seu blog
Quem é o relator da comissão do impeachment, deputado goiano Jovair Arantes? Ele apresentou nesta tarde (6) seu parecer favorável ao golpe contra a presidenta eleita por 54 milhões de brasileiros e contra quem não pesa qualquer acusação de crime de responsabilidade.
O parlamentar é funcionário (ops, aliado) do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Atua nos bastidores do Conselho de Ética da Casa como um coronel do exército de Cunha, nas manobras para paralisar o processo contra o chefe. Assumiu a relatoria do impeachment apenas depois de garantir aos golpistas que condenaria Dilma e ter concordado em ter como seu principal assessor Renato Oliveira Ramos, nada menos que advogado de Cunha.
Jovair teve alguma projeção antes da relatoria como um dos mais destacados membros da “bancada da bola”. E que bola! Presidente do Conselho do Atlético Goianiense, é como um feroz beque de fazenda na defesa da CFB. Chegou perto ele chuta longe. Tem diligente no boicote a todas as iniciativas para investigação de uma das entidades mais desmoralizadas no Brasil e exterior. Claro, ele é amigo do peito de José Maria Marin, ex-presidente da CBF e atualmente preso nos Estados Unidos, e do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, praticamente banido do mundo esportivo e investigado por corrupção nos EUA. Mas na Câmara ninguém investiga porque Jovair não deixa.
O relator do golpe tem dois pontos altos em sua biografia que merecem ser conhecidos:
1) Em 2011 foi acusado pelo Ministério Público Federal em Goiás numa ação por improbidade administrativa. Ele e o sócio (ops, amigo) dele, o ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido da Silva, preso em 2010 após ação da Polícia Federal conhecida como “Operação Guia”. Interceptações telefônicas revelaram a participação ativa do deputado em esquema de trocas de favores envolvendo desde a indicação de cargos dentro do INSS à concessão de benefícios a seus cupinchas. Em 2014 o caso foi arquivado pelo Supremo. Ganha um doce quem adivinhar o nome do relator do caso. Ele mesmo, Gilmar Mendes.
2) Jovair é um aliado de valor de Cunha: teria cobrado R$ 4 milhões apenas para apoiar a recondução ao cargo do presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente. Quem veiculou a denúncia? É até engraçado, mas foi a Veja! Isso mesmo, Veja desceu o cacete no deputado em 2012, quando considerava que isso prejudicava o governo do PT. Disse a revista na ocasião: “Num documento de 24 páginas assinado e entregue formalmente ao Ministério Público em dezembro passado, ele diz que, quando estava de saída da agência ambiental, ouviu uma proposta nada ortodoxa: Jovair, a quem caberia indicar o novo presidente do órgão, pediu 4 milhões de reais para apoiar sua recondução. ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu”. R$ 4 milhões só pra apoiar a recondução do presidente de uma agência estadual ao cargo (segundo a Veja). Está tudo no link aqui, mas como Jovair agora é da famiglia dos Civita, não se sabe até quando estará no ar.
Jovair Arantes é mesmo um parlamentar de muito(s) valor(es).
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Conheça o deputado Jovair Arantes, relator do impeachment
Por Eliz Brandão, no site Vermelho:
Desconhecido até agora pela maioria dos brasileiros, o deputado federal pelo PTB de Goiás, Jovair Arantes, assumiu no mês passado a relatoria da Comissão de Impeachment na Câmara dos Deputados após firmar acordo com a oposição e principalmente com o seu aliado, deputado Eduardo Cunha, que seria autor de uma das mais importantes etapas da missão: “tirar Dilma do governo”.
Inaugurada na noite de 26 de outubro de 2014, após a reeleição em segundo turno da presidenta Dilma Rousseff, com mais de 51% dos votos válidos, os derrotados nas urnas, com destacada colaboração da grande mídia brasileira, de parte do judiciário e da elite conservadora, deram início a uma missão “vale-tudo para tirar Dilma do Governo”, com grandes prejuízos ao país e aos brasileiros, mas fundamental para retomar o poder. Para tanto, o plano deveria desqualificar a imagem do ex-presidente Lula, grande liderança do povo e possível candidato em 2018 e da presidenta Dilma Rousseff, com vistas ao impedimento do seu governo.
A primeira etapa da missão era tentar envolver pessoas próximas ao ex-presidente Lula e de Dilma nos esquemas corrupção desbaratada pela Polícia Federal, após prisão e delação de envolvidos em esquema de propina na maior empresa de petróleo do país, a Petrobras.
Apesar do processo de impeachment na Câmara não ter nenhuma relação com a Operação Lava Jato, digamos que a missão manipular parte da opinião pública foi concluído com sucesso.
Qual a sua história política?
De lá pra cá muitos conhecem os espetáculos que a mídia proporcionou, entretanto, nesta quarta-feira (6) quando todos os olhos se voltavam para o relator da Comissão do Impeachment, o deputado Jovair Arantes, uma coisa deve ter chamado a atenção de muita gente. Quem é o deputado que nunca vimos no noticiário nacional? Qual a sua história política? Outro fato estranho: porque a mídia não apresentou o relator do pedido de impeachment da presidenta eleita por mais de 54 milhões de brasileiros ao grande público?
Pois bem, Jovair de Oliveira Arantes, nasceu em 1951, em Buriti Alegre, cidade com pouco menos de 10 mil habitantes, interior de Goiás, 192 quilômetros da capital. Formou-se em odontologia, mas sua carreira política já dura 33 anos, quando se filiou ao PMDB em 1983 e foi eleito vereador da capital goiana. Em 1989, Jovair Arantes foi um dos fundadores do PSDB em Goiás. Em 1990 foi eleito deputado estadual, mas renunciou ao cargo para candidatar-se a deputado federal. Depois foi vice-prefeito de Goiânia, pelo PSDB, de 1993 a 1995. E foi candidato à Prefeitura de Goiânia em outras ocasiões. Em 1995 foi eleito deputado federal e está agora no sexto mandato consecutivo. Em 2003, o deputado desfiliou do PSDB para ser líder do PTB em Goiás.
Esquema no INSS
Em 2011, Jovair Arantes foi acusado pelo Ministério Público Federal de Goiás pela participação ativa em esquema de trocas de favores envolvendo desde a indicação de cargos dentro do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) à concessão de benefícios, como de aposentadoria.
Interceptações telefônicas revelaram o envolvimento do deputado com o “amigo”, ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido da Silva (preso em 2010 após ação da Polícia Federal conhecida como “Operação Guia”). Um detalhe: Em 2014 o caso foi arquivado pelo ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cachoeira
A ficha do deputado goiano não para por aí, ele ainda é conhecido por outros ilícitos, comprovados e admitidos publicamente pelo próprio. Em um vasto lote de grampos realizados pela Polícia Federal em fevereiro de 2012, com mais de 200 horas de gravação, o deputado Jovair Arantes aparece em várias delas falando de encontros dele com o chefe do jogo do bicho em Goiás.
A "Operação Monte Carlo" ocorreu com a prisão de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e dezenas de policiais civis e militares, acusados de envolvimento na exploração ilegal de máquinas caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília. Foram presos também dois delegados da Polícia Federal e o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. De acordo com a reportagem da Revista Época, a investigação da PF apresentou que Cachoeira mantinha forte influência na política goiana. As gravações telefônicas, captadas com ordem judicial, mostram que Cachoeira conversava com freqüência e intimidade com deputados federais, principalmente com Jovair Arantes e com o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então, do DEM), que renunciou ao Senado Federal após o escândalo.
Jovair e mais três deputados apareceram nas gravações feitas pela Polícia Federal em conversas com Cachoeira. A conversa foi peça de análise de uma CPI criada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) no mesmo ano, que investigava o envolvimento de parlamentares com Carlinhos Cachoeira. Entretanto, com maioria dos deputados da base aliada ao governo Marconi, a CPI, comandada pelo deputado Hélio de Sousa (DEM), encaminhou as investigações para possíveis contratos firmados entre agentes públicos e prefeitos do PT e PMDB, oposição ao governo estadual, de Marconi Perillo do PSDB. Sem mais propósito, a CPI terminou em dezembro de 2012, após oito meses de investigação, sem propor o indiciamento de nenhum dos investigados pela comissão parlamentar.
Satisfeito, o deputado Jovair Arantes disse naquele momento considerar “natural” um parlamentar atender aos pedidos de Cachoeira em órgãos públicos ou no Congresso.
Atuação na Câmara
Líder da “bancada da bola” na Câmara dos Deputados, Jovair é presidente do Conselho do Atlético Goianiense e atua como um feroz entrave a todas as iniciativas que investigue envolvimento de entidades e empresas de futebol com ilícitos. Como é conhecido por todos, ele é amigo do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, atualmente preso nos Estados Unidos por envolvimento em caso de corrupção e também amigo do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, que é investigado por corrupção nos EUA e no Brasil.
Defensor dos cartolas e da CBF, o deputado foi alvo de várias críticas pela atuação em de 2014 quando apresentou uma emenda que favorecia aos clubes de futebol que possuem dívidas milionárias com o governo federal.
Em uma manobra apelidada de “Jaboti”, o deputado, com seus aliados, embutiu uma proposta na Medida Provisória 656 que tratava da isenção de impostos na importação de equipamentos utilizados para geração de energia eólica, o texto sugerido pelo deputado alongava as dívidas com o governo federal por mais 20 anos, com juros reduzidos, próximos à Taxa de Juros de Longo Prazo (5% ao ano), redução nas multas e nenhuma regra de responsabilidade. Sensata, e com um engajamento forte do Bom Senso FC, a presidenta Dilma Rousseff vetou a proposta de lei do deputado Jovair Arantes em 7 de outubro de 2014.
CPI do Futebol
O deputado foi ainda árduo defensor de que não houvesse a abertura da CPI do Futebol na Câmara, em julho do ano passado, que investiga supostas irregularidades cometidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em contratos comerciais. E justificou à época o motivo: "Eu, particularmente, não gosto de CPI. Porque sempre é complicado para você ver as coisas que são ditas ali se realizando efetivamente. Por isso que eu acho que não deveria haver”.
R$ 4 milhões para apoiar nome
Em janeiro de 2012, o “nobre” deputado sofreu mais uma acusação: O ex-presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente (com status de secretaria estadual de governo), Osmar Pires Martins Júnior, fez uma denúncia ao Ministério Público de que o deputado Jovair Arantes cobrou R$ 4 milhões de reais para apoiar a sua recondução ao cargo.
A denúncia foi publicada na revista Veja: “Num documento de 24 páginas assinado e entregue formalmente ao Ministério Público em dezembro passado [2011], ele [Osmar Pires] diz que, quando estava de saída da agência ambiental, ouviu uma proposta nada ortodoxa: Jovair, a quem caberia indicar o novo presidente do órgão, pediu 4 milhões de reais para apoiar sua recondução. ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infra escrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu.”
Milhões
Segundo o atlas político, o deputado Jovair Arantes tem um patrimônio declarado de dois milhões e setecentos e cinquenta mil reais, pouco menos do que foi gasto na sua campanha à reeleição em 2014 (dois milhões e trezentos mil reais). A maior doação que o deputado recebeu foi de meio milhão de reais (R$ 500.000.000,00) de uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, a JBS S/A, isso mesmo, a Friboi, que não é de propriedade do filho de Lula como já foi inúmeras vezes declarado, mas da família Batista (José Batista Sobrinho – JBS), com sede em Goiás.
Foto de capa: Lúcio Bernardo Jr.