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Igor Fuser: "Arnaldo Calil Jardim, deputado federal (PPS-SP) que votou ontem pelo impeachment, foi meu colega na diretoria da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) na gestão 1978-1979. Aluno da Escola Politécnica da USP, era o "Chefão" (seu apelido), da Refazendo, a tendência política da qual participava (...) De todos os líderes estudantis com quem convivi naquele período luminoso do final dos anos 70, nenhum teve uma trajetória posterior tão lamentável"
Por Igor Fuser
Arnaldo Calil Jardim, deputado federal (PPS-SP) que votou ontem pelo impeachment, foi meu colega na diretoria da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) na gestão 1978-1979. Aluno da Escola Politécnica da USP, era o "Chefão" (seu apelido), da Refazendo, a tendência política da qual participava (eu era militante da Caminhando, outra tendência).
Ele era um sujeito corajoso nos nossos embates com a polícia da ditadura, conforme testemunhei em mais de uma ocasião. Muito simpático, inteligente mas sem brilho nem criatividade, orador apenas razoável. Seu ponto forte era a habilidade para os conchavos nos bastidores, tarefa a que se dedicava com muito gosto.
Aliado dos tucanos, o antigo "Chefão" foi citado em 2013 por um ex-diretor da Siemens como beneficiário do esquema de propinas das multinacionais suspeitas de participar do cartel dos trens em São Paulo entre os anos de 1998 e 2008 - o famoso "tremsalão". Mas a denúncia foi engavetada.
De todos os líderes estudantis com quem convivi naquele período luminoso do final dos anos 70, nenhum teve uma trajetória posterior tão lamentável (com exceção, talvez, do ex-historiador Marco Antonio Villa, atual bobo da corte dos fascistas).
O "Chefão" Arnaldo Jardim se transformou no que se viu ontem. Sua aparência, com a cara e o corpo de capo siciliano que o apelido do passado já sinalizava, diz tudo.