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Instituto, que adora se travestir de paladino da ética, não se pronunciou sobre as denúncias contra o seu principal financiador, alvo da Operação Zelotes nesta semana, que tem um faturamento de aproximadamente R$ 40 bilhões e é um dos maiores conglomerados siderúrgicos do mundo
Por Altamiro Borges, em seu blog
O Instituto Millenium, o antro neoliberal que reúne industriais, banqueiros e barões da mídia, deve estar de luto. Nesta quinta-feira (25), a Operação Zelotes, que apura fraudes fiscais bilionárias no sul do país, deflagrou uma nova etapa que tem como alvo o Grupo Gerdau – o maior financiador das suas conspirações golpistas. Se as investigações forem realmente sérias e imparciais – o que é de se duvidar em função dos descaminhos desta e de outras operações do Ministério Público e da Polícia Federal contaminadas pela obsessão antipetista –, é possível que o Instituto Millenium perca esta importante fonte de recursos e até seja acusado de utilizar dinheiro sujo da sonegação fiscal.
A Operação Zelotes foi deflagrada em março do ano passado com o objetivo de apurar um dos maiores esquemas de sonegação da história do Brasil. As investigações constataram que quadrilhas atuavam junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para anular ou reduzir as multas de poderosos sonegadores. Entre as empresas corruptas estariam o Grupo Gerdau, a Ford e a RBS – a afiliada da TV Globo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Exatamente por envolver estes pesos pesados, que têm forte influência na mídia – e financiam o Instituto Millenium –, a Operação Zelotes sumiu do noticiário. Ela só voltou à tona quando distorceu seu objetivo e passou a mirar no ex-presidente Lula.
Agora, porém, ela parece – parece! – voltar à sua origem. Segundo reportagem de Rubens Valente e Gabriel Mascarenhas, na Folha, a Polícia Federal já cumpriu “vinte mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é liberada no mesmo dia após prestar depoimento – e 18 de busca e apreensão... Três dos mandados são para funcionários do alto escalão da Gerdau, entre eles o presidente da companhia, André Gerdau... A PF constatou que, mesmo após o prosseguimento da operação, o Grupo Gerdau continuou praticando crimes junto ao Carf, entre eles de advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, além de associação criminosa e lavagem de dinheiro”.
Os investigadores estimam que o grupo tenha sonegado R$ 1,5 bilhão, pagando propinas a agentes do Carf. “O valor se refere às suspeitas envolvendo dois processos. Ao todo, sete ações da Gerdau que tramitaram ou estão em curso no colegiado estão na mira da Zelotes. ‘Essa é uma continuidade do que começou em março passado. A gente precisava desse arremate para concluir a investigação do caso. Já apreendemos muitos documentos, celulares mídias’, afirmou a delegada da PF Fernanda Oliveira, sem citar os nomes dos investigados. O esquema se dava pela contratação de escritórios de advocacia e de consultoria, responsáveis por intermediar a negociação do suborno aos conselheiros”.
Diante da investida da Operação Zelotes, o presidente da corporação, André Gerdau, negou qualquer prática de corrupção de fiscais e conselheiros do Carf em depoimento à Polícia Federal em São Paulo. Seu advogado, Arnaldo Malheiros, afirmou que o empresário "esclareceu que a empresa não sonegou nada, apenas recebeu autos de infração e recorreu na forma da lei". E ainda posou de vítima, dizendo "achar estranha" a convocação de André Gerdau. O depoimento na PF durou cerca de 45 minutos e o empresário não respondeu às perguntas dos jornalistas ao deixar o prédio do órgão em São Paulo.
Já o Instituto Millenium, que adora se travestir de paladino da ética, não se pronunciou sobre as denúncias contra o seu principal financiador – que tem um faturamento de aproximadamente R$ 40 bilhões e é um dos maiores conglomerados siderúrgicos do mundo.
Foto de capa: Marcello Casal Jr/Agência Brasil