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Sérgio Avelleda foi denunciado pelo MP por contratação sem licitação de uma empresa que participou do esquema de cartel no Metrô paulista. Outros sete secretários foram anunciados
Por Rodrigo Gomes, na RBA
O prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje (10) mais oito secretários que vão compor o governo que assume no dia 1º de janeiro de 2017. Mantendo a proposta de fazer da administração municipal um laboratório da iniciativa privada, Doria nomeou empresários para as pastas de Desestatização e Parcerias, Tecnologia e Inovação, Relações Internacionais e Fazenda (hoje Finanças). O ex-presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público paulista em uma contratação de R$ 7,3 milhões do Metrô, comandará a pasta de Transportes e Mobilidade.
"Estamos formando um timaço de gente comprometida em fazer bem-feito. Esse é o ensinamento do setor privado", afirmou Doria, para quem o currículo dos secretários é primordial para indicar o sucesso de sua futura gestão. O prefeito eleito voltou a afirmar que fará com que todos os serviços tenham atendimento "padrão Poupatempo", em referência ao serviço estadual. E reiterou que vai respeitar os reajustes já acordados no funcionalismo, mas que os demais terão de ser analisados de acordo com a evolução das finanças municipais.
Avelleda é usuário cotidiano da bicicleta e falou em melhorar as condições de mobilidade para ciclistas, pedestres e usuários do transporte coletivo. "Nosso objetivo é fazer com que as pessoas que se locomovem no transporte coletivo não sofram, que se sintam confortáveis e respeitadas", afirmou. Questionado sobre mudanças nos atuais limites de velocidade, o novo secretário disse que a velocidade das marginais será aumentada, mas que fará um "programa ousado" de educação para os motoristas. "Vamos garantir boa fluidez, sem por em risco a segurança".
Trilhos
Em 2005, quando foi gerente jurídico de Metrô, Avelleda é suspeito de favorecer a contratação da MGE Equipamentos Ferroviários – uma das empresas apontadas como integrante do cartel que teria atuado nos governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin – em uma licitação de R$ 7,5 milhões, para a Linha 5 Lilás. Além dele, outros três ex-gerentes da companhia foram denunciados: Sérgio Corrêa Brasil (compras), José Jorge Fagali (custos) e Nelson Scaglione (manutenção). A ação foi protocolada em dezembro de 2015 e ainda não foi aceita ou rejeitada pela Justiça paulista.
Também anunciada hoje por Doria, a arquiteta urbanista Heloísa Proença será a nova secretária de Desenvolvimento Urbano da capital paulista. Ela foi secretária municipal de Planejamento da capital paulista entre 1999 e 2000, na administração do ex-prefeito Celso Pitta (falecido em 2009) e presidenta da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) em 2005, na gestão de José Serra (PSDB).
Em seu pronunciamento, Heloísa indicou que vai levar adiante, por meio de regulamentação, uma adequação do Plano Diretor Estratégico, aprovado em 2013, "à cidade real". "A legislação é genérica, de grandes orientações e diretrizes. Mas nem sempre se consegue aplicar, como foi pensado, nos empreendimentos. Vamos fazer uma avaliação para ver o que precisamos fazer para adequar o plano à cidade que temos e à cidade que queremos", afirmou.
Caio Megale, diretor associado do banco Itaú, que também atuou nas empresas de investimento Gávea e Mauá, assumirá a Secretaria Municipal da Fazenda (ex-Finanças). O empresário Julio Serson, que atua no ramo imobiliário e outros setores, será o secretário de Relações Internacionais. "Vamos inserir São Paulo no contexto internacional de negócios", afirmou.
Wilson Point, empresário filiado ao Partido Novo, será o secretário de Desestatização e Parcerias, que cuidará de concessões e privatizações, dentre estas a do Autódromo de Interlagos, do Pacaembu, do Complexo Anhembi e das ciclovias. Na gestão do atual prefeito Fernando Haddad (PT), Point foi presidente da São Paulo Turismo (SPTuris), da São Paulo Negócios e atuou na gestão da Parceria Público Privada (PPP) da iluminação pública.
O ex-presidente do Detran, na atual gestão do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), e ex-superintendente do Poupatempo, Daniel Annemberg, será o secretário de Tecnologia e Inovação. Fábio Santos, vice-presidente da área de atendimento a clientes da empresa de comunicação CDN – que atua na assessoria de imprensa em vários setores do governo Alckmin – será o secretário Especial de Comunicação. Segundo Doria, a pasta será uma coordenação, mas Santos terá status de secretário.
A vereadora Soninha Francine (PPS) foi nomeada secretária de Desenvolvimento Social da gestão Doria. Ex-subprefeita da Lapa e ex-coordenadora de políticas para a diversidade do governo Alckmin, Soninha abriu uma ONG para atendimento da população em situação de rua e disse que vai trabalhar especialmente com essas pessoas. "O que temos hoje é um verdadeiro acampamento de refugiados urbanos. Mas nem é um acampamento, são instalações precárias e indignas. Isso precisa ser mudado", afirmou.
Além dos secretários, Doria anunciou a criação do programa São Paulo Cidade Linda, que vai atuar especialmente nos serviços de zeladoria da cidade. "Vai começar às 6h da manhã do dia 2 de janeiro", afirmou o prefeito eleito, que também garantiu a criação de um Poupatempo em cada prefeitura regional – atuais subprefeituras – até o fim de 2017. Nas duas próximas quintas-feiras (16 e 23) Doria deve anunciar os nove secretários que faltam. E até o final do mês, o vice-prefeito e secretário das prefeituras regionais, Bruno Covas, deve anunciar os novos subprefeitos.
Há duas semanas, Doria anunciou o coordenador da transição, Júlio Semeghini, como secretário de Governo; Wilson Pollara, na Saúde; Cid Torquato, para a pasta de Pessoas com Deficiência; e Anderson Pomini, nos Negócios Jurídicos.
Foto: Emerson Nunes