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O valor normal da entrada é de 30 reais, mas, com o flyer dos candidatos em mãos, nossa equipe de reportagem teve a entrada liberada.
Por Redação
O material de divulgação eleitoral de André Pomba Cagni (PV) e de João Dória (PSDB), candidatos à Câmara de Vereadores e à Prefeitura de São Paulo respectivamente, garantiu a entrada gratuita da nossa reportagem no Clube ALôca, conhecido por eventos com o público LGBT na Rua Frei Caneca, no último sábado, dia 28 de Setembro. O valor normal da entrada é de 30 reais, mas, com o flyer dos candidatos em mãos, nossa equipe teve a entrada liberada.
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O candidato André Pomba é DJ Residente do Clube Alôca, e, de acordo com postagens de divulgação da candidatura na página do empreendimento, “está há 30 anos na noite, já foi dono de bar e casa noturna, ambos fechados pela burocracia da prefeitura”. Em suas propostas promete “investigar e denunciar fiscais corruptos, assim como cobrar maior fiscalização da venda de bebidas nas ruas por ambulantes”.
Os “santinhos”, como são conhecidos os materiais impressos das campanhas, foram entregues por três funcionários da casa que estavam na porta da boate. A "promoção" do VIP valia até a 1h da manhã e foi oferecida em troca de votos para João Dória. Cientes do crime, os atendentes reforçaram o cuidado na abordagem “Não pode, não pode. Se alguém perguntar você fala – ganhei na rua [...] Já pensou alguém fala assim: tão vendendo o vip pelo voto?”
Repórter 1 – Amiga, gata, tudo bom? Você tem mais aquele papelzinho do Dória?
Repórter 2 – Aí eu quero porque a gente quer entrar. De graça mesmo?
Hostess – Até 1h.
Repórter 2 – Com papel?
Hostess – Com papel. Você tem que votar nele (risos)
Repórter 2 – Então tá bom.
Hostess – Ih gente, isso é boca de urna, não pode, não pode. Se alguém perguntar você fala “Ai gente, ganhei na rua”.
Repórter 2 – Tá bom.
Repórter 1 – Ah mas não pode, será?
Hostess – Ah já pensou, alguém vê e fala assim “Tão vendendo VIP pelo voto”
Repórter 1 – Mas é cara a balada? Não? Mas é quanto?
Hostess – Ah já pensou, alguém vê e fala assim “Tão vendendo VIP pelo voto”
Repórter 1 – Mas é cara a balada? Não? Mas é quanto?
ir os 30 (fala bebidas que dá para consumir)
Repórter 1 – Ai nunca vim aqui, como é o nome? O nome da balada.
Hostess – ALôca
Repórter 2 – É que falam bem...
Hostess – Você entra e parece que está entrando em outro universo.
Repórter 1 – Adoro, a gente vai entrar.
Hostess – Até uma hora você pode entrar.
Repórter 2 – Então a gente vai entrar agora
O material coletado pela reportagem será remetido ao promotor da 1ª zona eleitoral para apurar as supostas irregularidades. De acordo com o artigo 41-A da Lei das Eleições, é considerado compra de votos "dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita".
A pena prevista para compra de votos é a cassação da chapa, multa, inelegibilidade pelo período de oito anos e prisão por até quatro anos.
A Fórum entrou em contato com o candidato André Pomba que negou as práticas e disse que se alguém disse isso "o fez por conta própria ou brincadeira".
"Ontem fizemos uma ação de panfletagem na Frei Caneca e Augusta, pois minha candidatura tem foco na noite paulistana. E também Aloca tem divulgadores que distribuem normalmente os vizinhos da Alôca. Nunca anuiria com esse tipo de prática, até porque para as minhas festas eu tenho um site com cadastro para lista vip. E ontem nem minha a festa era. Conversei com os promoters e hostess de ontem e eles confirmaram que não fizeram isso. Se alguém por acaso disse isso e vou querer averiguar, o fez por conta própria ou brincadeira, sem saber que isso pode ferir a legislação eleitoral", escreveu.
Acusações por compra de votos nas prévias
A candidatura de João Dória vem somando uma série de polêmicas envolvendo compra de votos, denunciadas dentro do seu próprio partido, durante as eleições prévias do tucanos. Dória, candidato defendido pelo governador Geraldo Alckmin, derrotou Andrea Matarazzo, afilhado político de José Serra.
Dória é acusado por compra de votos por Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo, e o senador José Aníbal, ambos intimamente ligados à Serra.
De acordo com a denúncia, Dória realizou uma cervejada para militantes e depois pagou viagens de grupos de eleitores durante as prévias que o garantiram como candidato do partido para a prefeitura. O processo foi arquivado, mas gerou um racha dentro do comando central do PSDB, provocando a saída de um terço dos principais dirigentes da sigla.