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A fonte origem de todas as denúncias contra Anastasia é a mesma de Cunha: Jayme Careca, o motorista de Youssef, que desapareceu
Por Patricia Faermann, no Jornal GGN
Por falta de provas e confirmação dos indícios levantados, a denúncia contra o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) pode ser arquivada. A origem da investigação contra o tucano é a declaração de Jayme Careca, que seria o responsável por entregar as quantias de desvios a políticos (também a Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e ao ex-deputado Luiz Argôlo) a mando do doleiro Youssef. Careca não foi encontrado para trazer mais detalhes do depoimento e, por isso, o STF pode paralisar o processo. Se arquivado, Cunha e Argôlo - que têm a mesma origem das denúncias - também podem se valer desse artifício jurídico para pedir a queda das investigações.
Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como o Careca, em depoimento prestado na Polícia Federal em Curitiba, afirmou que em 2010 entregou R$ 1 milhão a "Anastasia". O intermediário de Youssef descreveu o caminho que fez e como era a residência onde foi levada a quantia, em Belo Horizonte, Minas Gerais: "A casa fica voltada para o shopping. É uma casa térrea, ou seja, não parece ser um sobrado para quem olha de frente, não me lembro a cor, o portão abre na horizontal. Na frente da casa existe uma grade", disse, com detalhes.
Segundo Careca, o dinheiro foi repassado a uma pessoa que não se identificou. Tempos depois, com o resultado das eleições e a vitória de Anastasia no governo do Estado, Jayme afirmou "que o candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais era a pessoa para quem eu levei o dinheiro"
O doleiro, por sua vez, negou que havia mencionado o nome de Anastasia, mas confirmou que a quantia era destinada a caixa 2 do Estado, sem citar o possível candidato beneficiado. O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo, chegou a sair em defesa do ex-governador de Minas: "Se o Jayme Careca tem alguma coisa a informar, de que o destino do dinheiro foi o Anastasia, cabe a ele provar isso".
Há diferenças essenciais entre Anastasia e Cunha. Inclusive as denúncias caminharam por canais distintos e comprovou-se a atuação de Cunha no Congresso, nas ameaças a fornecedores da Petrobras que supostamente não tinham pago propina a ele.
Com a suspeita, a investigação foi aberta pela Polícia Federal do Paraná e pelo MPF, a pedido do STF. O objetivo era apurar se o tucano recebeu ou não os valores relatados por Careca. Não há o menor indício de que Anastasia tenha cometido qualquer ilícito.
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A mesma declaração, contudo, foi a origem para as investigações sobre o envolvimento do ex-deputado Luiz Argôlo e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Da mesma forma como descreveu a casa onde teria sido entregue o dinheiro a Anastasia, Careca informou a casa amarela, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde o destinatário seria Cunha.
A denúncia foi o que motivou toda a investigação que prosseguiu contra o deputado. A partir de então, soube-se dos requerimentos que Cunha teria aberto na Câmara como forma de pressionar o lobista Julio Camargo ao pagamento da propina devida.
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Se o senador teve algum envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras, as investigações esclareceriam. Há mensagens de texto entre Careca e Youssef tratando de entregas e, em uma delas, é mencionado o endereço da filial da UTC Engenharia em Belo Horizonte. A menção aos empreiteiros destinatários do montante foi mais clara e objetiva que a suposta entrega a Anastasia. Mas o arquivamento da denúncia pode dar abertura legal para que Cunha peça a anulação de seu inquérito, uma vez que a fonte de origem de toda a denúncia, Jayme Careca, desapareceu.
"A riqueza de detalhes apresentada por Jayme, somado ao reconhecimento pessoal do Senador [Anastasia], apontam para a necessidade de aprofundamento das investigações", havia justificado o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para o STF.
Misturar Cunha com Anastasia é um subterfúgio da defesa de Cunha. Caberá ao MPF rebater essa manobra.