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Para deputado do PSC-PE, presidente da Câmara vem sofrendo desgaste com colegas de Parlamento ao não cumprir promessas. “Cunha está com problemas sérios no PMDB, e grande parte da imprensa não está fazendo essa pauta”
Por Glauco Faria
Para o deputado Silvio Costa (PSC-PE), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começa a sentir os efeitos de um desgaste com seus colegas parlamentares por não cumprir promessas feitas a eles. Em entrevista à Fórum, o parlamentar avalia que “Cunha está com problemas sérios no PMDB, e grande parte da imprensa não está fazendo essa pauta”.
Em relação à denúncia do delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo, que afirma ter pago propina de US$ 5 milhões diretamente ao presidente da Câmara, Costa defendeu que se obedeça o princípio da presunção de inocência, mas quer que o peemedebista fale a respeito das acusações. “Cabe ao deputado Eduardo Cunha explicar ao Brasil sua versão. Aliás, sugiro que ele aproveite o programa de amanhã [o presidente da Câmara vai falar em rede nacional de rádio e televisão] e explique essa delação.”
Costa acha desrespeitosa a postura do peemedebista quando afirma que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria obrigado o delator a fazer a acusação. “É um desrespeito com o procurador Janot, com as instituições, com o ministério público, e o deputado Eduardo Cunha sabe que o governo não tem nada a ver com isso. Estou percebendo que ele anda muito nervoso, está fora do eixo, mas deveria estar aplaudindo Janot e o ministério público, que estão cumprindo seu papel institucional. Ao agredir uma instituição dessa forma, ele está rasgando a Constituição, e como presidente da Câmara não pode fazer isso.”
Usando a oposição e o governo
Para Silvio Costa, o presidente da Câmara “joga junto” com a oposição, apesar de seu partido fazer parte do governo Dilma. Mas não são só os oposicionistas que se alinham com o peemedebista. “Grande parte da mídia brasileira está sendo muito bondosa com Eduardo Cunha e até compreendo, faz parte de um jogo político. Isso não tem nada de estarrecedor, é da democracia. Em todos os países do mundo, democráticos, a imprensa investiga e tem lado, é natural”, diz.
Mas a fonte de parte do poder de Cunha, de acordo com Costa, é justamente sua proximidade com o governo. “Ele se utiliza da oposição e a oposição se utiliza dele. Foi para a Rússia e podia levar quem quisesse na viagem, mas levou deputados da oposição, e não foram pra lá para conversar sobre o país, mas sobre a Casa. E ele usa o governo pra derrotar o governo, usa prometendo emendas para deputados, cargos no governo federal, age como se fosse o senhor do governo.”
Perdendo gordura
Independentemente dos desdobramentos da Lava Jato, Costa avalia que Cunha está “perdendo gordura” na Câmara, principalmente em função de promessas não cumpridas feitas para parlamentares. Mas não só.
“Primeiro, ele tem desgaste no próprio PMDB.Houve uma disputa para líder no partido – e o governo não soube tirar proveito disso –, com cinco candidatos e Cunha deu um jeito e quem ganhou foi o Leonardo Picciani (RJ). Quem perdeu ficou insatisfeito. Depois, houve a descortesia com Marcelo Castro (PI) na relatoria da Comissão da Maioridade Penal. Essa semana o deputado Jarbas Vasconcelos (PE) fez um pronunciamento duro em relação a Cunha. Ele termina o semestre na Casa perdendo gordura, com insatisfação no partido dele e em todos os outros”, avalia.
Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados