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No dia em que começou o V Congresso Nacional da sigla, em Salvador, o senador divulgou um texto em que propõe uma série de medidas para enfrentar o momento político dado o crescimento da direita e os rumos que o governo federal vem tomando, sobretudo, no âmbito na economia; "É urgente a construção de uma estratégia para destravar o crescimento, implementar a tributação progressiva com a taxação de grandes fortunas e heranças e enfrentar o rentismo, ampliar políticas sociais e defender o emprego, a valorização do salário e os direitos trabalhistas"; confira
V Congresso do PT: Enfrentar os Desafios e Retomar a Esperança
Começa hoje, dia 11 de junho, o V Congresso do Partido dos Trabalhadores. Ao longo de 35 anos de história, o PT deu inúmeras contribuições à construção de um Brasil melhor: desde a sua origem, quando promoveu uma síntese inédita entre os movimentos sindicais e populares, a intelectualidade de esquerda e várias organizações oriundas da luta contra a ditadura militar, passando pela intensa participação nas lutas democráticas da sociedade brasileira, como as “Diretas Já” e a campanha pela Assembleia Nacional Constituinte, o protagonismo na resistência ao neoliberalismo, a inovação na radical participação popular do modo petista de governar. Nos últimos 12 anos, nosso partido esteve à frente da Presidência da República e impulsionou um ciclo extraordinário de transformações, combatendo a miséria, ampliando direitos, valorizando o salário e criando dezenas de milhões de empregos. Nossos governos viraram uma referência internacional com seus programas de redução da desigualdade social.
No entanto, ao longo dos anos o PT também passou por transformações. As tensões da dinâmica eleitoral influenciaram o partido pra pior, afastando a base militante do seu cotidiano. Os diretórios foram esvaziados, a relação orgânica e colaborativa com os movimentos sociais perdeu significativamente a importância, na medida em que o partido se burocratizou e sua identidade histórica foi abalada. O desgaste do tecido social partidário diminuiu nossa iniciativa política e capacidade de apresentar uma agenda para o país; pior ainda, reduziu nossa capacidade de enfrentar os ataques articulados pela direita brasileira nas mais diversas frentes, abalando significativamente nossa imagem e legitimidade públicas.
No momento em que o PT realiza seu V Congresso, vivemos os mais dramáticos dilemas da nossa existência enquanto partido político: sob cerco profundo da direita, que busca ao mesmo tempo inviabilizar a existência política do PT e impedir o governo eleito de governar, é preciso enfrentar com coragem os debates, assumir a necessidade de correção de rumos e promover, como bem lembrou o ex-presidente Lula, a atualização do nosso manifesto de fundação, reafirmando seus valores socialistas e democráticos e compromissos com os trabalhadores e excluídos, aperfeiçoando a democracia interna e preparando o partido para liderar um novo ciclo de mudanças no Brasil. É neste espírito que mais de 400 lideranças sindicais lançaram um manifesto, encabeçado pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, defendendo o reencontro do PT com as lutas da classe trabalhadora e mudanças na política econômica.
O ajuste fiscal em curso, aliado a um outro aperto monetário, como o manifesto dos sindicalistas corretamente aponta, pode nos levar a um caminho de aprofundar a recessão no nosso País. Os primeiros sinais nós já começamos a sentir: aumento do desemprego, queda na renda do trabalhador. Outro ponto que não pode ser negligenciado é a questão dos juros: o Brasil as maiores taxas de juros do mundo, e pagou 398 bilhões de juros somente no período compreendido entre março de 2014 e março deste ano. A banca pressiona para a manutenção de taxas de juros indecentes. Cabe ao PT ser mais ativo na defesa de uma alternativa que não penalize a classe trabalhadora.
É urgente a construção de uma estratégia para destravar o crescimento, implementar a tributação progressiva com a taxação de grandes fortunas e heranças e enfrentar o rentismo, ampliar políticas sociais e defender o emprego, a valorização do salário e os direitos trabalhistas, ao mesmo tempo em que é nosso dever protagonizar as lutas contra a agenda neoliberal que é apresentada hoje pela bancada de oposição do Congresso Nacional, atuando em profunda conexão com os movimentos sociais para barrar o PL das Terceirizações, a Redução da Maioridade Penal e a revogação do Estatuto do Desarmamento.
Por último, é preciso impulsionar uma ampla frente política e social na luta pelas reformas, de caráter permanente e plural, inspirada no processo político despertado no segundo turno das eleições presidenciais e decisivo para a reeleição da presidenta Dilma. Uma frente de partidos, movimentos e ativistas, capaz de constituir um movimento orgânico e vivo e reencantar parcelas importantes da população cuja confiança no nosso compromisso foi profundamente abalada, além de alimentar com a riqueza das lutas cotidianas o necessário debate de atualização programática, reafirmando nossos princípios socialistas em diálogo com as novas experiências do século XXI.
Nosso desafio é imenso, na mesma proporção da nossa importância histórica.
Arregacemos as mangas, e lembremos Drummond:
“Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam.
Os lírios não nascem da lei.”
Ao debate, camaradas!
Lindbergh Farias
Senador da República pelo PT/RJ
Foto: Agência Senado