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Em entrevista à Fórum, o deputado fala sobre a discussão em torno das terceirizações no país e a agressão que sofreu ao participar de ato com trabalhadores; ele critica ainda o perfil retrógrado da Câmara e diz que confia nos vetos da presidenta em relação ao polêmico projeto de lei
Por Maíra Streit
Nesta quinta-feira (23), o deputado Vicentinho (PT-SP) conversou com Fórum sobre o projeto de lei 4.330/04, que regulamenta a terceirização nas empresas e é considerado um retrocesso histórico aos direitos trabalhistas no Brasil. Segundo o petista, a aprovação era esperada diante do conservadorismo demonstrado pela Câmara dos Deputados.
Com o PL indo para o Senado, ele espera que os trabalhadores se mobilizem ainda mais para pressionar os parlamentares a votarem em defesa dos cidadãos, e não apenas do empresariado. Vicentinho garante que a presidenta Dilma Rousseff deve dar atenção especial aos pontos que abordam a terceirização em atividade-fim e a responsabilidade solidária do contratante e o fornecedor da mão de obra terceirizada.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Fórum - Depois do que vimos na Câmara em relação ao PL 4330, qual sua expectativa sobre essa nova etapa no Senado? Ao contrário de Eduardo Cunha, Renan Calheiros dará mais espaço ao diálogo com os trabalhadores?
Vicentinho – Realmente, muito lamentável o que aconteceu na Câmara dos Deputados. Mas já era de se esperar, uma vez que temos a clara consciência de que o atual perfil da Câmara é conservador, retrógrado e nitidamente empresarial. Já no Senado, o processo será diferente, pois o presidente Renan Calheiros já anunciou que a matéria será tratada de outra forma, valorizando o debate e a participação social.
Fórum - E, em último caso, o senhor acredita no veto da presidenta Dilma Rousseff?
Vicentinho - Tenho plena certeza que sim. A presidenta Dilma não vacilará em vetar principalmente a terceirização na atividade-fim da empresa e a relação sobre a responsabilidade solidária.
Fórum - Em recente manifestação em frente ao Congresso, contra as terceirizações, o senhor saiu ferido ao ser atingido com spray de pimenta no rosto pela polícia e outras pessoas também precisaram de atendimento médico. Ontem (22), os sindicalistas foram impedidos de entrar naquela que dizem ser a “casa do povo”. Parece que esse termo está cada vez mais distante da realidade, não é mesmo?
Vicentinho - Ainda bem que não ocorreu algo mais grave comigo e com a companheirada. Mas tão grave quanto as agressões é a postura da presidência da Câmara que não reconhece a legitimidade dos movimentos sociais. Estavam por lá transitando tranquilamente os empresários apoiadores do PL 4330. Já os sindicalistas contrários à proposta foram tolhidos em seus direitos.
Fórum - Mesmo assim, a mobilização popular parece ser o único caminho para pressionar os parlamentares quanto a esse possível retrocesso nos direitos trabalhistas. A CUT já anunciou novos protestos e até uma greve geral, se for preciso. Como essa pressão repercute lá dentro?
Vicentinho - A mobilização popular mostrou-se muito eficaz. Tanto é que vários parlamentares mudaram de posição. Isso nos ensina que resistir é o melhor caminho. É preciso denunciar aqueles que votaram contra a classe trabalhadora. É preciso mais mobilização e articulação política.
Foto de capa: Vicentinho/Site Oficial
Demais fotos: Maíra Streit