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"Eu me reservo o direito de não comentar", disse Pedro Barusco ao ser questionado sobre como funcionava a corrupção na estatal durante o governo FHC. O ex-gerente de Engenharia da Petrobras ainda colocou em dúvida informações sobre pagamento de propina ao PT: "Não sei se o Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em dinheiro"
Por Redação
Em depoimento dado aos deputados que compõem a CPI da Petrobras, nesta terça-feira (10), o ex-gerente de Engenharia da estatal, Pedro Barusco, se recusou a detalhar como funcionava o esquema de pagamento de propina na companhia antes de 2003, isto é, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Ele argumentou que, na época, ocupava cargo menor e que não fechava contratos. O relator Luiz Sérgio (PT), no entanto, pressionou: "Então, como você negociava propinas?". "Em relação a esse período eu não vou dar mais detalhes porque existe uma operação em curso e eu me reservo o direito de não comentar", respondeu.
A ausência de respostas para os questionamentos em relação a esse período provocou um pequeno tumulto entre os deputados. Parlamentares petistas insistiram.
"Que empresas, em 1997 e 1998, geraram esses recursos (propina)? Quais bancos houve mais precisamente conversas sobre a origem ilegal destes recursos?", questionou Afonso Florence , sem receber retorno.
Anteriormente, o ex-gerente já havia revelado que começou a receber propina em 1997, quando trabalhava no departamento de exploração e produção. “Comecei a receber propina em 1997, 1998. Foi uma iniciativa minha, pessoal. De forma mais ampla, com outras pessoas da Petrobras, a partir de 2003, 2004”.
Informação duvidosa
Barusco comentou ainda sobre o suposto recebimento de pagamento indevido pelo Partido dos Trabalhadores. "O que eu disse e quero esclarecer é o que eu estimo que o PT tenha recebido (...) Como eu recebi a minha parte, imagino que outros tenham recebido", afirmou. "Não sei se o Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em dinheiro". O ex-gerente da Petrobras disse que não tem condições de afirmar se o valor pago foi efetivamente entregue ao partido pelo tesoureiro Vaccari Neto.
O ex-gerente relatou à CPI que a propina dada pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos. O depoimento dele à Comissão começou por volta das 11h e aconteceu de forma aberta, apesar de ter apresentado um pedido ontem (9) para que sua participação ocorresse em sessão secreta.
Foto de capa: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados