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Agripino, que foi coordenador-geral de campanha de Aécio Neves (PSDB) à presidência, teria recebido R$ 1 milhão e 150 mil no esquema. O caso tinha sido arquivado no MPF pelo ex-procurador-geral Roberto Gurgel
Por Patricia Faermann, no Jornal GGN
A investigação sobre o envolvimento do senador José Agripino Maia (DEM-RN) no esquema de pagamento de propinas em serviços ao Detran no Rio Grande do Norte, entre 2008 e 2011, foi reaberta há cerca de cinco meses pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Agripino, que foi coordenador-geral de campanha de Aécio Neves (PSDB) à presidência, teria recebido R$ 1 milhão e 150 mil no esquema. O caso tinha sido arquivado no MPF pelo ex-procurador-geral Roberto Gurgel.
A jornalista Thaísa Galvão publicou, em seu blog, a decisão de Gurgel. Datada de 2012, o procurador elenca os fatos que envolveram a Operação Sinal Fechado. Os empresários José Gilmar Carvalho Lopes, conhecido como “Gilmar da Montana”, e Alcides Barbosa foram os primeiros a prestarem depoimento, negando que o empresário George Olímpio pagou a Agripino R$ 1 milhão de propina em 2010.
George Olímpio criou um instituto para prestar serviços de cartório ao Detran do estado, e cobrava uma taxa de cada contrato de carro financiado no Rio Grande do Norte. De acordo com a denúncia do MPF, o custo da propina estava inserido nessa taxa.
Nas declarações de Gilmar da Montana e Alcides Barbosa, ambos negam que George transferiu o valor em quatro cheques para o senador. Entretanto, o próprio empresário citado decidiu fechar acordo de delação com o Ministério Público, trazendo à tona as informações divulgadas neste domingo (22) pelo Fantástico, da rede Globo.
George, que teria liderado o esquema dentro do Detran, confirma o pagamento de R$ 1 milhão e 150 mil ao ex-coordenador de campanha de Aécio. O empresário também delata como funcionava as operações, entre os anos de 2008 e 2011. Segundo George, Agripino teria pedido mais de R$ 1 milhão, em 2010, em um encontro no próprio apartamento do político. "Subimos para parte de cima da cobertura de José Agripino, começamos a conversar e ele disse: 'é, George, a informação que nós temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha de Iberê [governador, na época]".
George respondeu que deu R$ 1 milhão, e não cinco. Agripino teria pressionado George Olímpio a dar a mesma quantia para a sua campanha, em troca de manter o esquema ilícito em segurança, sem prejudicá-lo. "Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem. R$ 1,150 milhão foi dado em troca de manter a inspeção", disse o empresário.
Na prática, a inspeção tratava-se da compra de uma lei que tornava obrigatória a inspeção veicular no estado, incluindo de veículos que acabaram de sair da fábrica. Para a lei ser aprovada rapidamente, George contou que obteve ajuda do deputado Ezequiel Ferreira (PMDB), agora presidente da Assembleia Legislativa.
Ezequiel foi denunciado na última sexta-feira (20) pelo promotor de Justiça, Paulo Batista Lopes Neto, pela prática de corrupção passiva. Quanto à Agripino, o Ministério Público Federal recuperou o arquivamento do caso. A propina aos envolvidos teria sido completamente paga, mas os serviços de inspeção não chegaram a funcionar, porque ainda em 2011 o MP descobriu o esquema com as delações de Gilmar da Montana e Alcides Barbosa. Somente no ano passado que o empresário George Olímpio contou todas as informações, que foram transmitidas pelo programa da Globo, neste domingo.
Leia o despacho do ex-procurador Geral da República, Roberto Gurgel, que arquivou as investigações contra Agripino, disponibilizado por Thaisa Galvão:
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