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Segundo documento, não há ‘menor dúvida’ da comprovação de que contas são mesmo do deputado e família. São grandes indicativos de que dinheiro teria saído de negócios envolvendo a Petrobras
Por Hylda Cavalcanti, da RBA
A Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou hoje (16) trechos do documento com o pedido para abertura de novo inquérito contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que já foi acatado. O documento mostra o roteiro das contas abertas na Suíça, o dinheiro movimentado por Cunha e sua família fora do país e a evolução patrimonial do deputado entre 2002 e 2014, que aumentou em 214%. No total, foram encontradas três contas, com depósitos constantes e em altos valores feitos por duas empresas – uma delas de offshore – para o deputado, sua esposa, Cláudia Cruz, e a filha, Danielle Cunha.
Como o inquérito é sigiloso e corre em segredo de Justiça, só pode ser divulgado em caso de quebra do sigilo por parte do ministro relator ou da autorização para que alguns itens mencionados no documento sejam liberados, como aconteceu agora. Uma das principais informações é que duas das principais contas na Suíça eram mantidas no Banco Julius Bäer: a Netherton Investments Pte Ltd, em nome de Cunha, e a conta numerada 45478512, denominada conta Kopek, em nome de sua esposa, Cláudia Cordeiro Cruz.
O documento da PGR afirma que, além de existirem indícios de corrupção e lavagem de dinheiro por parte de Eduardo Cunha e Cláudia Cruz, a filha do deputado, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, também deve ser investigada por ser detentora de cartão de crédito vinculado à conta Kopek. Esses dados foram encaminhados ao inquérito 3983, que investiga o recebimento de vantagens indevidas pelo deputado a partir de contratos da Petrobras para aquisição de navios-sonda destinados à perfuração de poços de petróleo, e deram origem ao Inquérito 4146, aberto anteriormente (o outro foi aberto ontem à noite).
Conforme o entendimento da PGR, a documentação enviada pela Suíça permite compreender o esquema, ao menos para a instauração de inquérito e a decretação de medidas cautelares. De acordo com informações da Procuradoria, as contas envolvendo Cunha e seus familiares foram descobertas pelo Ministério Público Suíço como desdobramento das investigações relativas à Operação Lava Jato no Brasil.
O processo foi transferido para a PGR do Brasil pelo fato de o deputado ser brasileiro e morar no país, motivo pelo qual não poderia ser extraditado para a Suíça. Além disso, concluiu-se que a maioria das infrações foi praticada no Brasil e que a persecução penal será mais eficiente no território nacional. Além das contas que foram citadas e agora são objeto de inquérito, o Ministério Público suíço destacou que outras duas contas foram fechadas pelo deputado pouco tempo depois da deflagração da Operação Lava Jato: as contas Orion SP e Triumph SP.
A Orion, segundo dados liberados pela PGR, recebeu pagamentos no total de 1,311 milhão de francos suíços da conta da empresa Acona International Investments, que tinha como beneficiário João Augusto Rezende Henriques. Henrique foi preso preventivamente e denunciado pelo MPF em Curitiba (PR) em razão da intermediação de propinas ligadas à sonda Pride/Vantage Drilling e Petrobras.