Na noite deste domingo (28), a TV Record realizou mais um debate entre os candidatos à presidência da República. Participaram do confronto a presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Luciana Genro (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV) e Everaldo (PSC).
O debate, dividido em quatro blocos, foi marcado mais uma vez por críticas a Dilma Rousseff. A presidenta e Marina Silva se enfrentaram diversas vezes, sendo que a pessebista foi evasiva em algumas respostas. Dilma insistiu na defesa contra denúncias de corrupção - até quando não foi perguntada sobre o tema, optou por falar sobre ele. Mas o momento mais polêmico teve como ator principal Levy Fidelix, que chocou a plateia ao dar declarações homofóbicas. "Nós, que somos maioria, temos que ter coragem de enfrentar essa minoria", pediu aos telespectadores, referindo-se ao público LGBT.
Primeiro bloco
O debate se iniciou com uma pergunta de Luciana Genro a Dilma Rousseff sobre a previdência social - a candidata do Psol classifica a atual política como uma “maldade contra os aposentados”. Dilma citou dados para mostrar que a cobertura previdenciária foi ampliada no Brasil de 37 milhões para quase 67 milhões de pessoas. “Isso significa que houve aumento de emprego e formalização do trabalho”, afirmou.
Em seguida, foi a vez de Dilma questionar Marina. No primeiro confronto da noite entre as líderes das pesquisas, o assunto foi a CPFM. “A senhora mudou de partido quatro vezes nos últimos anos, e mudou de posição de um dia para o outro em diversos temas importantes, como a CLT, homofobia e pré-sal”, afirmou DIilma. “Se lembra qual foi seu voto em relação à CPMF?”. “Mudei de partido para não mudar de ideais e princípios”, iniciou Marina, pontuando que votou “a CPMF para o combate à pobreza”.
Mais tarde, Dilma teve a chance de confrontar também Aécio Neves. “Quais as privatizações no seu radar, senão a Petrobras?”, indagou. O tucano respondeu que vai "reestatizar" a empresa e retomou o assunto da corrupção, já introduzido anteriormente pelo pastor Everaldo. Pata tanto, citou denúncias que ele mesmo admitiu não terem sido comprovadas, porém veiculadas por uma importante revista - a Veja. “É eleitoreiro falar que vai reestatizar a Petrobrás”, rebateu Rousseff. “O seu partido tentou tirar o ‘bras’ da ‘Brasil’ para vender melhor no exterior”, completou.
O último questionamento do bloco foi feito por Luciana Genro a Marina Silva. A psolista mencionou os parceiros da ex-senadora em sua campanha, como os banqueiros - em uma clara referência clara à proposta de concessão de independência do Banco Central -, e perguntou como pretende fazer nova política com esses aliados. Nesse momento, Marina foi evasiva e replicou que a nova política é “praticada pela sociedade”, não é um monopólio da direita ou esquerda. Na tréplica, Genro disse: “A nova política da Marina é assim: ela recebe a pressão do agronegócio e cede, recebe as pressões dos reacionários do Congresso, cede e muda seu programa de governo”.
Segundo bloco
Na segunda etapa do debate, os jornalistas do grupo Record fizeram perguntas aos candidatos. A primeira, sobre segurança pública, foi direcionada a Dilma Rousseff, com comentários de Marina Silva. A presidenta respondeu que pretende integrar as polícias, como ocorreu na Copa do Mundo, e retomou o assunto da corrupção. “Ao longo da minha vida, tenho tido tolerância zero com a corrupção. Não varro crimes para baixo do tapete”, declarou. Silva comentou que se governo vai “atuar em parceria com os Estados para coibir esses crimes”, aludindo aos assassinatos em periferia.
Em seguida, Marina foi questionada a respeito de quem decidirá, em seu governo, sobre a continuidade de políticas sociais como o Bolsa Família, já que os economistas de sua equipe defendem valores neoliberais e não seriam simpáticos a elas. Mais uma vez, a candidata colocou na conta da sociedade e afirmou que é ela que irá bater o martelo sobre esse tema. Para terminar, voltou ao discurso de que “pessoas boas existem em todos os lugares” e, por fim, manifestou compromisso em manter os programas sociais.
Os direitos reprodutivos das mulheres foram discutidos apenas uma vez durante o encontro entre os presidenciáveis, em uma pergunta a Luciana Genro. A presidenciável defendeu a legalização do aborto em todos os casos. “Ninguém quer o aborto como método contraceptivo. Ele é um drama para qualquer mulher”, apontou, prevenindo-se das críticas. Em contrapartida, pastor Everaldo, escolhido como comentarista da vez, disse defender “a vida do ser humano desde a sua concepção”.
Terceiro bloco
A terceira parte do debate se iniciou com o tema da política externa. Aécio Neves, em resposta a Everaldo, disse que Dilma “protagonizou nesses últimos dias um dos mais tristes episódios da política externa brasileira”, referindo-se ao discurso da presidenta na abertura da 69ª Assembleia Geral da ONU. “Dilma propôs diálogo com o Estado Islâmico, que está decapitando, cotando a cabeça das pessoas”, colocou.
Na sequência, a candidata do PT questionou Marina Silva a respeito de sua posição em relação aos créditos aos bancos públicos, mencionando que, em seu programa de governo, consta que a pessebista reduzirá o papel deles. A ex-senadora disse que, na verdade, fará ao contrário: fortalecerá o BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil, mas não explicou exatamente como.
O momento mais polêmico do debate foi protagonizado por Luciana Genro e Levy Fidelix. A psolista perguntou ao adversário sua opinião sobre o casamento homoafetivo. “Olha, minha filha, tenho 62 anos e, pelo que vi na minha vida, dois iguais não fazem filho, e aparelho excretor não reproduz”, afirmou, surpreendendo inclusive a plateia. Genro rebateu timidamente, dizendo: “Eu sou uma das que mais defende a família nessa campanha eleitoral, porque defendo todas as famílias. É fundamental reconhecer o casamento civil igualitário”.
Foto de capa: R7