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Separadas por disputas políticas entre ministérios, ações voltadas à população de 15 a 29 anos ganham força
Por Daniel Merli
O governo federal lançou na quarta-feira, 5, um projeto de lei que reestrutura o Projovem, unificando seis programas existentes para atender à população de 15 a 29 anos. São 4,2 milhões de brasileiros nessa faixa etária não possuem Ensino Fundamental completo, não estão na escola e não trabalham. "Queremos criar oportunidades e garantir direitos a esse público", explica Beto Cury, secretário nacional de Juventude.
O próprio Projovem passa a agrupar o Saberes da Terra, Escola de Fábrica, Agente Jovem, Juventude Cidadã e Consórcio Social da Juventude. Todos esses programas, agora, passam apenas a se chamar Projovem, com um sobrenome, Urbano, Rural, Trabalhador ou Adolescente, dependendo do público que quer atingir.
O Projovem Adolescente aproveita a decisão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) de incluir entre os beneficiários do Bolsa Família famílias com filhos de 15 a 17 anos. O Rural substitui o Saberes da Terra e vai oferecer R$ 100 a cada jovem, com a condição de freqüentar escola ou curso profissionalizante. O mesmo ocorre com o Projovem Urbano e com o Trabalhador, que inclui programas de qualificação profissional.
"A visão que o governo está tendo não é de ocupação do tempo do jovem, mas de garantia de direito", diz Pedro Santos, aluno do ProJovem, que virou membro do Conselho de Educação de Belo Horizonte. Ele foi um dos quatro beneficiários do Projovem escolhidos para falar durante a cerimônia de assinatura do projeto de lei pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Após ouvir essas quatro pessoas, não tenho mais nada a falar", disse o presidente, durante a cerminônia. "Apenas volto para o trabalho com a certeza de que vale a pena aguentar tanta crítica para criar programas como esse".
A unificação dos programas dá mais vigor às políticas do governo, que atualmente atendem 400 mil jovens. "Era uma proposta antiga dos movimentos estudantis. Mas havia muita resistência por corporativismo dos ministérios, que querem manter programas sob seu comando”, sustenta Ricardo Abreu, secretário de Juventude do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). "Em vez de seis programas alguns milhões de reais cada um, o governo vai ter um grande programa que, junto, vai investir mais de R$ 1 bilhão por ano", calcula.
Também presente ao lançamento do programa, o educador popular Cláudio Nascimento comemorava a ampliação das ações. "Queremos levar as oficinas para 200 filhos de agricultores na Usina de Catende", afirmou o coordenador de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária. A Usina, localizada no interior pernambucano é a maior empresa recuperada do país.