Ex-deputado federal pelo Mato Grosso defendeu mudanças, mesmo reconhecendo pouca expressão na disputa interna.
Por Anselmo Massad
Ao subir para defender a tese sobre a organização interna do PT, com seu cavanhaque grisalho, Gilney Viana fez um prólogo, reconhecendo a pouco expressividade em termos de votos de delegados dentro do PT. Mas ele dizia buscar apenas a reflexão dos ouvintes, mesmo dos que tinham voto marcado e que já sabiam a que horas "levantar os crachás".
Criticou o discurso feito pelo ex-ministro Hélio Costa, da tese "Construindo um novo Brasil", do antigo Campo Majoritário, pedindo auto-crítica dos membros da corrente com relação ao uso de caixa 2 e do repasse de recursos para outros partidos. Foi aplaudido pelos blocos que se opõem ao antigo Campo Majoritário, mas teve poucos crachás de apoio na hora da votação.
Confira a íntegra.
Fórum – Na sua visão, o que é o socialismo petista? Gilney Viana – As concepções reinantes no 1º Congresso e no 7º Encontro nacional são ainda válidas. Primeiro, na diferenciação entre o socialismo em relação à social democracia dos partidos europeus. Depois, na busca por controle público e não necessariamente do Estado, é o povo quem deve gerir a sociedade. O que acrescentamos em nossa tese é a sustentabilidade socioambiental, de respeitar os limites dos ecossistemas, da ocupação, exploração, emissão de gases etc. Para reprodução das espécies e para que os ecossistemas se regenerem, é preciso um período de repouso. Um atleta por exemplo, depois de um esforço, precisa de descanso para se recuperar senão morre de exaustão. Com qualquer organismo vivo e com o planeta também.
Fórum - Um debate que parece ter sido mais trazido pela mídia e pela decisão do STF de aceitar as denúncias contra membros do partido do que pelas falas no Congresso é o caixa 2. O senhor acredita que o PT pretende criar mecanismos internos que coibam essa prática? Viana – Acho que há duas lições da crise de 2005. A primeira foi dada pela opinião pública. Onde vamos, somos cobrados de ética tanto no manejo do dinheiro público quanto do próprio PT, que também recebe recursos públicos do fundo partidário. Segundo, somos sujeitos a judicialidade das ações. Precisamos de auto-crítica ou ficaremos com a pecha de corruptos, de criadores de caixa 2. Por omissão, aceitamos que companheiros agissem daquele modo. Mas é preciso fazer a crítica também aos que fizeram, que assumam a responsabilidade política, porque causaram um dano ao PT e à esperança. Alguns que são dirigentes do partido precisam adotar novos métodos para não se cometer novos erros no futuro.