A 9ª Pesquisa Fórum, realizada em parceria com a Offerwise, entre os dias 21 e 25 de junho, avaliou como os brasileiros veem a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) da pandemia: mais da metade da população (51,7%) considera que o presidente tem uma atuação ruim ou péssima. Somente para 23,8%, Bolsonaro faz uma gestão ótima ou boa, para 21% ela é regular e 3,4% não sabem responder.
Essa avaliação repete a do levantamento anterior, em março deste ano, quando a rejeição à gestão do presidente na pandemia chegou a 54,2%, dentro da margem de erro da pesquisa que é de 3,2% para baixo ou para cima. Naquele momento, Bolsonaro tinha 23,2% de ótimo ou bom e 20,7% de regular.
A rejeição a atuação do presidente só foi menor em agosto do ano passado, quando atingiu o menor índice (38,9%) e a maior avaliação positiva (37%) depois do início da crise, em abril de 2020, quando ele tinha 35,4% de ruim ou péssimo e 38,9% de bom ou ótimo. Em toda a série histórica, Bolsonaro manteve o percentual daqueles que acreditam que sua atuação seja regular em torno de 20%.
A melhora da avaliação do presidente na gestão da pandemia do coronavírus em agosto coincide com o pagamento do auxílio emergencial de R$600 a R$1200 pago às pessoas que perderam renda durante a pandemia. A edição de agosto de 2020 da Pesquisa Fórum mostrava que 13,8% dos entrevistados melhoraram sua avaliação em relação a Bolsonaro por causa do benefício. De abril a dezembro de 2020 foram pagas pelo governo federal nove parcelas: cinco de R$ 600 e quatro de R$ 300.
Neste ano, porém, Bolsonaro atrasou o pagamento do benefício, que só começou a ser pago em abril e com um valor bem mais baixo. São quatro parcelas de R$ 150 (para famílias de uma só pessoa), R$ 250 (para famílias de duas ou mais pessoas) ou R$ 375 (para mães chefes de família monoparental).
Ao mesmo tempo, Bolsonaro enfrenta uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Senado para apurar a conduta do governo federal durante a pandemia, que já revelou como o seu governo negligenciou a compra de vacinas e apostou em tratamentos sem eficácia comprovada e na imunidade coletiva (chamada de rebanho), para que o maior número de pessoas se contaminasse com o coronavírus. Nesta sexta-feira (25) mostrou ainda como Bolsonaro soube do esquema de corrupção para a compra da vacina Covaxin, mas nada fez a respeito.
Melhora da gestão do governo coincide com saída de Pazuello
Já a avaliação da atuação do governo federal na gestão da pandemia teve uma melhora de março deste ano até o levantamento deste mês. Em março, 53% dos entrevistados consideravam a gestão do governo ruim ou péssima, agora são 46,4%. No entanto, a avaliação positiva se manteve estável. Em março era 20,3% de ótimo ou bom, e neste mês, 22,7%, dentro da margem de erro. Aumentou o índice daqueles que consideram a gestão regular: 23,8% em março para 26% em junho.
A mudança coincide com a quarta troca de ministro da Saúde pelo governo, quando um militar que levou o país ao desastre foi afastado e substituído pelo médico Marcelo Queiroga. O general Eduardo Pazuello ficou à frente da pasta de 16 de maio de 2020 até 23 de março de 2021. Neste período, a rejeição ao governo subiu de 19,6%, em abril do ano passado, para 53%.
Apesar das declarações negacionistas do presidente da República terem continuado e com a média móvel no número de mortos ainda alta, perto dos 2 mil diariamente, é sob a gestão de Queiroga que o Brasil tem avançado na vacinação. Até o momento, 70.325.677 pessoas receberam ao menos uma dose, segundo o Consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
Pesquisa inova com metodologia
A 9ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de junho, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”